As linhas do “inevitável” alargamento ficam hoje desenhadas

Clubes decidem em assembleia geral extraordinária os moldes em que será feita a reintegração do Gil Vicente no primeiro escalão do futebol português, após decisão favorável aos minhotos no “caso Mateus”

Foto
Pedro Proença, presidente da Liga de clubes, estará presente na assembleia geral que decidirá como será resolvido o caso do Gil Vicente Ricardo Castelo/nFactos

Com as atenções do país futebolístico concentradas no Euro 2016, os clubes profissionais reúnem esta tarde em assembleia geral extraordinária para discutir um assunto delicado: em que moldes será feita a reintegração do Gil Vicente na I Liga. O emblema minhoto viu, dez anos depois, ser-lhe reconhecida razão no “caso Mateus” – a sentença proferida a 25 de Maio pelo Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa declarou nula a pena de descida de divisão aplicada ao Gil Vicente, por utilização irregular do internacional angolano Mateus, deliberada pelo Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), a 22 de Agosto de 2006, confirmando a decisão da então Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP).

A direcção da FPF decidiu não recorrer, recomendando à LPFP que tome “os actos necessários à integração do Gil Vicente na competição desportiva profissional”. “Dando o devido cumprimento à sentença do tribunal, o alargamento das competições é inevitável”, reconheceu a LPFP.

Em Barcelos já se pensa nas celebrações: “Prometi que ia fazer uma grande festa. Foram dez anos de espera. Vou mandar matar dez porcos, um por cada ano, e dez vitelos, com vinho à discrição, cerveja e algum champanhe”, disse o presidente do Gil Vicente, António Fiúza. Mas, antes de a integração do clube ser efectiva, é preciso decidir como vai ser feita, porque a opção de um campeonato a 19 levanta dúvidas.

São vários os cenários sobre a mesa e os interessados no alargamento. O União da Madeira, 17.º classificado na I Liga em 2015-16, é um deles – entretanto, os insulares fizeram uma participação contra o V. Setúbal no conselho de disciplina da FPF, por inscrição e utilização irregular de jogadores. “Uma irregularidade que justifica, no entender do União da Madeira, a condenação do Vitória FC, com perda de pontos e consequentemente a descida de divisão”, podia ler-se num comunicado.

Para além do União da Madeira, também a despromovida Académica já se movimentou, com o então presidente demissionário José Eduardo Simões a propor um minicampeonato entre os dois últimos classificados da I Liga e os dois clubes da II Liga que ficaram fora das posições de subida (Portimonense e Freamunde). “O mais justo é um play-off a quatro equipas. Quem for mais competente em campo terá acesso ao único lugar vago na I Liga”, corroborou o presidente do Freamunde, Miguel Azevedo Brandão. Pelo sim, pelo não, o Portimonense antecipou o regresso da equipa ao trabalho.

O Belenenses, parte interessada no processo (em 2005-06 foi despromovido em campo mas conseguiu a manutenção com a pena aplicada ao Gil Vicente), anunciou que vai recorrer da decisão do tribunal. Mas isso não abala António Fiúza: “É para o lado que durmo melhor. O acórdão do tribunal é taxativo e quem manda é a FPF e a LPFP.”

Sugerir correcção
Comentar