A luta por um lugar na 35.ª America’s Cup vai começar

Agendado para hoje, o início dos qualifiers do mais antigo troféu do desporto internacional foi adiado para amanhã devido ao mau tempo. Team New Zealand e Artemis Racing são os challengers favoritos

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Ricardo Pinto

Quase 166 anos depois de o veleiro norte-americano America vencer 15 adversários numa regata disputada em redor da ilha de Wight, no Sul de Inglaterra, o 35.º capítulo da história do mais antigo troféu do desporto internacional começará a ser escrito amanhã, nas Bermudas, com o início das qualificações que vão apurar qual será a equipa que, a partir de 17 de Junho, vai defrontar a Oracle Team USA, na America’s Cup 2017. O arranque dos qualifiers estava agendado para hoje, às 21h, na baía de Great Sound, mas o forte vento que se fará sentir — estão previstas rajadas superiores a 60km/h — levou a organização a adiar o início da mais prestigiada competição de vela.

Há quatro anos, em São Francisco, a 34.ª America’s Cup foi palco de um duelo que ficará na história da vela, após a Oracle derrotar a Team New Zealand com uma das mais impressionantes recuperações do desporto, garantindo dessa forma o segundo triunfo consecutivo na prova. A edição de 2017 promete, no entanto, elevar ainda mais a fasquia. Nas inóspitas Bermudas, cinco barcos (das equipas Artemis Racing, Land Rover BAR, Emirates Team New Zealand, Softbank Team Japan e Groupama Team France) vão lutar pelo lugar de challenger que defrontará a Team USA e Jimmy Spithill, skipper do barco norte-americano, prevê que a 35.ª edição da America’s Cup “será a mais desafiante da história”.

Spithill, um dos três australianos que estarão ao “leme” de um veleiro AC50 nas Bermudas, salienta que as “exigências serão mais elevadas do que nunca para os atletas”, acrescentando que a tecnologia terá um papel preponderante. O raciocínio é partilhado pelo neozelandês Dean Barker, skipper da Softbank Team Japan: “A mistura entre o desempenho humano e tecnológico é o coração da actual America’s Cup.”

Numa corrida que será um misto de guerra e de arte dos hydrofoils — quem conseguir permanecer mais tempo fora de água estará mais próximo da vitória —, e na qual os barcos vão atingir velocidades próximas dos 50 nós (mais de 90km/h), começará por disputar-se uma fase de qualificação, em que todas as equipas se vão defrontar por duas vezes, sempre em duelos. Terminada esta fase, o challenger que tiver menos pontos será o primeiro a ser eliminado, seguindo-se para os play-offs, que deverão realizar-se entre 4 e 12 de Junho e vão decidir qual a equipa que vai desafiar a Oracle Team USA, no confronto final da 35.ª America’s Cup.

Numa análise aos rivais, Philippe Presti, treinador da Oracle, colocou a Team New Zealand e a Artemis Racing como favoritos, mas destacou também o potencial da Softbank Team Japan, cujo barco tem funcionado como uma espécie de equipa-satélite da Oracle, beneficiando de todo o know-how norte-americano. A correr por fora está a Groupama Team France, liderada por Franck Cammas. Kenton Kox, director-geral da Norauto Portugal, um dos principais patrocinadores da equipa francesa, reconhece as dificuldades de competir na elite da vela mundial contra adversários com outros atributos financeiros, mas mostra confiança na prestação gaulesa, que terá como principal objectivo superar a qualificação: “Sabemos que não temos as mesmas armas, mas acreditamos no compromisso do Franck [Cammas] e da sua equipa.”     

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