A concentração para combater a imprevisibilidade

Fernando Santos garante ter estudado ao detalhe a selecção do México, que costuma baralhar as cartas com alguma frequência. Do lado contrário, fica a promessa de redobrar os cuidados defensivos nas alas.

Foto
REUTERS/Darren Staples

De um lado vai estar uma selecção estreante, com o grau de autoridade que o título europeu lhe confere. Do outro uma equipa habituada à Taça das Confederações e que apresenta na convocatória o único jogador desta edição do torneio que já levantou o troféu. É pouco provável que Rafa Márquez, aos 38 anos, seja chamado a jogar, assim como é improvável que Portugal mude o seu guião em função do potencial do México.

Há elogios de parte a parte e dúvidas também, como se impõe nestas alturas, em que esconder as cartas é meio caminho andado para apresentar um ás inesperado no palco do jogo. Por isso, quando Juan Carlos Osorio, seleccionador do México, abriu aos jornalistas as portas do treino de ontem, em Kazan, houve quem desconfiasse. Mas rapidamente se percebeu porquê. No relvado, estavam misturados titulares e suplentes, primeiras e segundas escolhas, numa amálgama que não permite extrair ilações sobre o “onze” a apresentar esta tarde e que resume o que tem sido a vida dos “tricolores” ao longo dos últimos meses.

PÚBLICO -
Aumentar

“A equipa do México umas vezes joga com três centrais, outras vezes não. Nos últimos 10 jogos jogou com quatro defesas e [o treinador] altera jogadores em função do adversário, como todos nós. Não acredito que o México se vá adaptar a Portugal, mas pode alterar um jogador ou outro”, antevê Fernando Santos, reconhecendo o grau de imprevisibilidade que o adversário comporta.

As recordações que Portugal guarda do mais recente embate com os mexicanos são boas — que o diga Bruno Alves, que em 2014, num encontro de preparação para o Mundial do Brasil, marcou de cabeça já no tempo extra para assegurar um triunfo por 1-0. Quem era o guarda-redes na altura? Guillermo Ochoa, um dos muitos repetentes nas duas convocatórias para este torneio. “A equipa do México tem jogadores de excelente qualidade técnica, tem uma grande paixão pelo jogo e muita dinâmica. Procurámos analisar bem a equipa para transmitir aos jogadores o que é mais positivo e alguma debilidade que exista”, prossegue Santos.

A este nível, é difícil surpreender em absoluto no plano táctico. E Juan Carlos Osorio também mostrou ontem ter feito o trabalho de casa, ainda que — por razões estratégicas ou não — antecipe Portugal num sistema que foge ao 4-4-2 que tem sido utilizado mais regularmente: “Considerando que jugam em 4-3-3 e que têm outros três extremos de elite, Ricardo Quaresma, Nani e Gelson Martins, vamos tentar ter uma defesa sólida que faça coberturas duplas nas faixas para evitar transições defesa-ataque, porque é uma das melhores e mais usadas formas de chegar à área contrária”.

Com um naipe de atacantes de grande nível, de Carlos Vela a “Chicharito”, de Lozano a Giovani dos Santos, o seleccionador que nasceu na Colômbia há 56 anos e se formou em Liverpool prefere salientar o trabalho conjunto — “Individualmente há uma tarefa por fazer, mas será mais importante o que fizermos colectivamente”. Um pensamento que vai de encontro ao de Fernando Santos, que não põe só água na fervura quando o questionam sobre o momento de Ronaldo. “Favoritos na prova não somos, somos candidatos, mas interessa-me é que a equipa tenha concentração total”.     

Sugerir correcção
Comentar