Yannick Nézet-Séguin será o novo director musical multitasker da Metropolitan Opera

Uma estrela da constelação dos grandes maestros, canadiano de 41 anos só estará a tempo inteiro em Nova Iorque em 2020.

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Yannick Nézet-Séguin Clement Sabourin/AFP

O franco-canadiano Yannick Nézet-Séguin será o novo director musical da Metropolitan Opera de Nova Iorque, sucedendo ao septuagenário James Levine e aos seus 40 anos no cargo e enfrentando desafios próprios de uma nova era: continuará na Philadelphia Orchestra até 2026, só tomará posse integral em Nova Iorque em 2020 e será o senhor que se segue a um dos mais marcantes responsáveis “da mais importante companhia de ópera do mundo”.

Aos 41 anos, Yannick Nézet-Séguin tem emprego para a próxima década – na quinta-feira, quando foi anunciado como o próximo director musical da Metropolitan Opera, soube-se também que se manteria no actual cargo na Philadelphia Orchestra por mais dez anos. “Tornar-me director musical” da instituição nova-iorquina, algo que só se efectivará em 2020, ocupando até lá e a partir da temporada 2017-18 o cargo apenas interinamente, “é cumprir um sonho da minha vida”, disse Nézet-Séguin em comunicado.

Na prática, e com “o lendário James Levine”, como descreve o maestro nascido em Montreal o seu antecessor, já apenas no cargo de director musical emérito, tal significa que actualmente e até lá oficialmente a Met não tem um director musical a tempo inteiro. A imprensa escreve que durante o período em que está interino, Yannick Nézet-Séguin vai estar envolvido no planeamento artístico da companhia e dirigirá duas óperas por temporada. E que para conseguir o canadiano, uma estrela no seu meio, teve de fazer cedências nomeadamente quanto aos prazos em que ele estaria em Nova Iorque. A partir da temporada 2020/21, dirigirá cinco óperas por época.

É “a mais importante companhia de ópera do mundo” na opinião do canadiano que já gravou para a Deutsche Grammophon, e o processo de selecção foi rápido, como assinala a agência de notícias AFP, muito pelos problemas de saúde de Levine, detalha o New York Times. Nos últimos anos, a companhia foi afectada pelos problemas de saúde do importante músico, que levaram a alguns cancelamentos. Peter Gelb, director-geral do Met, tinha já assumido, devido às ausências recentes de Levine, parte do papel de direcção artística da companhia, lembra o diário nova-iorquino.

Nezet-Seguin foi já director musical da Orchestre Metropolitain Montreal (2000) e é desde 2010 director musical de uma das maiores formações do sector nos EUA, a Philadelphia Orchestra. Já conhece os recantos do Met desde que subiu ao púlpito do maestro como convidado na direcção de uma produção de Carmen (Bizet), em 2009, e de passagens anuais pelo teatro como a que dirigiu Otello, que abriu a temporada em curso. “É a escolha clara da companhia”, disse Peter Gelb em comunicado. O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, já felicitou a nomeação de Nezet-Seguin, “um feito tremendo”.

Além do desafio do multitasking, envolvido que está Nezet-Seguin em projectos em duas cidades para além de outros compromissos, o músico tem também a pressão de se afirmar depois de 40 anos da mesma direcção na Metropolitan Opera e de escolher a sua orientação entre a modernização e o clássico, bem como de lidar com alguns obstáculos – financeiros e de públicos. O New York Times contextualiza que apesar do prestígio nacional e internacional da companhia, esta tem tido de fazer cortes no seu orçamento (300 milhões de dólares é o número citado) e que na última temporada não conseguiu encher as suas salas, com uma média de ocupação de 72%. 

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