Vilar de Mouros em 2016? “Queremos chegar a bom porto”

A Câmara de Caminha está à procura de patrocínios para que o festival minhoto possa regressar. Ao PÚBLICO, Paulo Ventura, da editora e promotora Metrónomo, garante que se está a tentar que o festival aconteça.

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Se se confirmar, o regresso de Vilar de Mouros será anunciado em breve Paulo Pimenta

A história do festival Vilar de Mouros parece não ter fim, até mesmo quando o festival já chegou ao fim. Depois de um regresso sem sucesso em 2014, pelas mãos da Associação dos Amigos do Autismo (AMA), de Viana do Castelo, 2016 poderá ser o ano em que o festival minhoto volta a acontecer. Ainda nada está fechado e a Câmara de Caminha, que no ano passado garantiu que em 2016 teríamos Vilar de Mouros, não quer para já comentar. Mas Paulo Ventura, da editora e promotora Metrónomo, garante “que se está a tentar fazer com que o festival aconteça”.

Foi já há dez anos que a última edição do festival Vilar de Mouros teve lugar. A última de um festival que competia com os maiores do país, que começou antes de todos os outros e que levou à aldeia de Caminha mais de 30 mil pessoas para ver pela primeira vez em Portugal nomes como Elton John ou Manfred Mann. Estávamos em 1971, apenas dois anos depois do aparecimento do Woodstock, nos Estados Unidos, e Vilar de Mouros tornava-se no primeiro festival de rock em Portugal.

Nos dez anos seguintes, não aconteceu mais nada do género ali, até que em 1982 a festa voltou a fazer com o país a olhar para um cartaz que tinha como cabeças de cartaz os britânicos U2. Mais uns anos de interrupção e em 1996 o festival começava a ganhar raízes – de 1999 a 2006 aconteceu sem qualquer paragem. Desde então, são mais as promessas de regresso do que as edições efectivas do festival.

Em 2014, Vilar de Mouros voltou a ser uma certeza, mas o público já não estava lá. Intitulando-se o “primeiro festival 100% solidário”, com a IPSS de Viana do Castelo ao leme e com UB40, Guano Apes, Tricky, Stranglers e Xutos & Pontapés no cartaz, a edição esteve longe do sucesso de outros tempos. Era suposto o festival ter continuado com a mesma organização mas tal não aconteceu.

No ano passado, o presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves, revelou em conferência de imprensa que a autarquia tinha chegado a acordo com a AMA para a rescisão do contrato e prometia então: “A edição de 2016 vai acontecer nos dias 26, 27 e 28 de Agosto, uma alteração de datas que nós entendemos fundamental para o seu sucesso, e vai acontecer numa parceira entre a Câmara Municipal, a Junta de Freguesia de Vilar de Mouros e um consórcio de três entidades distantes." Este consórcio seria liderado pela Música no Coração, que organiza por exemplo o Super Bock Super Rock ou o Meo Sudoeste, em parceria com a Dot Global e a Metrónomo.

Pouco mais se soube desde então e até ao momento a edição 2016 do festival ainda não foi confirmada. A Blitz, no entanto, noticia nesta terça-feira que o festival vai acontecer e avança com as datas de 19 a 21 de Agosto – altura em que acontece o festival vizinho, Vodafone Paredes de Coura.

Ao PÚBLICO, Paulo Ventura, da editora e promotora Metrónomo, que agencia artistas como Capitão Fausto, Blasted Mechanism, Legendary Tigerman, Rui Pregal da Cunha ou Tara Perdida, garantiu que ainda não está nada fechado em relação à realização do festival. “Estamos a tentar viabilizar, a tentar fazer com que aconteça”, disse o responsável, sem adiantar com quem é que a Metrónomo está a trabalhar para que a edição deste ano seja uma realidade.

Quanto às datas avançadas pela Blitz, Ventura, em contacto com a Câmara de Caminha “há mais de um ano”, lembra que não está nada marcado e que “não parece muito inteligente” que o regresso de Vilar de Mouros coincida com o festival de Paredes de Coura. “Queremos chegar a bom porto em breve.”

A Câmara de Caminha, de acordo com fonte da autarquia, não quer comentar para já este impasse, sendo certo que em breve se fará alguma coisa para resolver a situação de Vilar de Mouros. O PÚBLICO sabe que a autarquia quer organizar novamente o festival mas não quer que aconteça o que que aconteceu em 2014. Ou seja, para dar vida novamente ao icónico Vilar de Mouros é preciso garantir que incertezas como as destes últimos anos não se repitam. Uma das dificuldades do festival tem sido a de captar patrocínios.

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