Van Gogh está de volta a Arles e traz consigo novos artistas

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Van Gogh

Uma das peças em destaque é A Casa Amarela (1888): o olhar do pintor sobre a casa em Arles onde viveu dois meses com Gauguin

Vicent van Gogh escreveu em 1888 numa carta a um amigo: “espero que mais tarde, outros artistas possam emergir nesta linda parte do país”. Estava a falar de Arles, a província francesa à beira mediterrâneo onde chegara em Fevereiro desse ano e de onde só sairia no ano seguinte. Durante esses 15 meses, inspirou-se para produzir cerca de 200 pinturas, 100 gravuras e aguarelas e 200 cartas. A Fundação Vincent van Gogh Arles abriu segunda-feira uma galeria de arte que quer lembrar este período produtivo do impressionista no sul de França.

Arles, que apesar de ter sido central no trabalho de Van Gogh naquela década, ainda só tinha assistido a duas exposições temporárias do pintor – uma em 1951 e outra em 1989 –, tem agora uma galeria que permanentemente evoca a sua obra e a dos seus contemporâneos. A exposição de abertura chama-se Couleurs du Nord, Couleurs du Sud, está patente até 31 de Agosto e mostra cinco pinturas de Van Gogh e 21 de artistas que dizia serem importantes para ao seu trabalho como Courbet, Monet ou Monticelli.

Uma das peças em destaque é A Casa Amarela (1888), emprestada pelo Museu Van Gogh, em Amsterdão, que aceitou apoiar a Fundação Vincent van Gogh a longo prazo. O quadro é especial porque mostra o olhar do pintor sobre a casa em Arles onde viveu dois meses com Gauguin – casa que foi parcialmente destruída durante a Segunda Guerra Mundial, e mais tarde completamente demolida. Na exposição pode ver-se ainda um auto-retrato de 1887, emprestado pela mesma instituição.

A nova galeria quer ainda mostrar artistas actuais que se consideram influenciados por Van Gogh: a primeira parte da exposição de abertura chama-se Van Gogh Live! e apresenta peças de Gary Hume, Bethan Huws ou Thomas Hirshhorn.

Este projecto do suíço Luc Hoffmann, herdeiro de empresas farmacêuticas, está em desenvolvimento há três anos e concretiza-se agora numa mansão do século XV no centro da cidade.

A família Hoffmann está também envolvida noutros projectos que querem investir em arte e produção artística. Maja Hoffmann, filha de Luc Hoffman e coleccionadora de arte contemporânea, iniciou esta semana a construção de um centro de pesquisa para as artes, que será o centro do campus da sua fundação, a Luma Foundation. Vai criar emprego numa zona da cidade caracterizada pelos edifícios industriais desactivados. O investimento de 100 milhões de euros tem como principal objectivo acolher artistas e as suas residências artísticas. Para que Arles continue a inspirar, tal como Van Gogh achava que devia ser. 

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