Vamos reencontrar o histórico Blackground do Duo Ouro Negro

Álbum marcante na história dos Duo Ouro Negro e da música portuguesa será reeditado no segundo semestre desde ano pela Armoniz, comemorando os 45 anos do seu lançamento.

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Apesar de ser hoje um disco desconhecido, teve à época grande impacto, a que não terá sido alheio o facto de ter tido apresentado ao vivo em Vilar de Mouros 1971 Lobo Pimentel Jr. / Valentim de Carvalho

Em 1969, os Duo Ouro Negro partiram para os Estados Unidos em digressão. A experiência que ali tiveram foi determinante para o que conheceríamos três anos depois. “Don’t forget your blackground”, exclamaria em 1972 Raul Indipwo, voz saída de Blackground, precisamente, álbum histórico da banda angolana. Despertados para o activismo dos Black Power, atentos ao jazz que se criava em terras americanas, a que se juntava o interesse pelos movimentos independentistas das colónias africanas, aquela que era então a mais internacional das bandas portuguesas gravaria em Lisboa um álbum de vibrante afirmação cultural através da música.

É esse disco que a Armoniz, editora responsável pela reedição da homónima estreia a solo de José Cid e do álbum, igualmente homónimo, dos Quarteto 1111, se prepara para lançar novamente no mercado, numa colaboração com as edições Valentim de Carvalho, responsável pela edição original. Sairá no segundo semestre de 2017, avançou ao Ípsilon Miguel Augusto Silva, fundador da editora, e servirá para comemorar os 45 anos cumpridos desde o lançamento.

Serão produzidos 500 exemplares que reproduzirão fielmente a edição original, quer no som, quer na arte gráfica. A masterização, em processo totalmente analógico, foi feita a partir das fitas originais por Daniel Krieger nos estúdios da SST Brüggemann, em Frankfurt. Miguel Augusto Silva refere que, apesar de ser hoje em dia um disco quase desconhecido, teve à época grande impacto, a que não terá sido alheio o facto de ter tido apresentação ao vivo, meses antes do lançamento, no histórico Festival de Vilar de Mouros de 1971. “Teve tanta importância na carreira deles que foi reeditado duas vezes, em 1974 e em 1985, com capas diferentes das originais”. Em Blackground, conta Miguel Augusto Silva, Raul Indipwo e Milo MacMahon “inspiram-se nas tradições de Angola  e vão mais longe que antes na pureza [dessa abordagem] e na utilização das línguas tradicionais do país. Dão um novo contexto às músicas africanas, mostrando como estas saem de África e como voltam através de outras formas musicais”.

Com esta edição, a Armoniz pretende, nas palavras do seu fundador, continuar a mostrar “as múltiplas dimensões da música e da história de Portugal”. A nova edição, no que é uma marca da Armoniz, será acompanhado de um ensaio sobre a obra, a par de toda as informações relacionadas com a criação do disco, como seja a presença marcante do pintor Eleutério Sanches, autor da capa e falecido em Dezembro de 2016.

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