Uma exposição para celebrar Rodin, o pai da escultura moderna

Rodin. L’Éxposition du Centennaire marca os cem anos da morte de Auguste Rodin com mais de 200 obras numa exposição que está patente a partir desta quarta-feira no Grand Palais, em Paris.

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O Pensador é uma das mais icónicas obras de Rodin REUTERS/Jason Lee

À data da sua morte, a 17 de Novembro de 1917, Auguste Rodin deixou todo o seu espólio na posse do estado francês sob a condição de que este ficasse no Hôtel Biron, que deveria ser convertido num museu em sua homenagem. Um século depois, o legado do  emblemático escultor francês será celebrado em Rodin. L’Éxposition du Centennaire, a exposição que irá mostrar mais de 200 obras de Rodin entre esta quarta-feira e 31 de Julho, no Grand Palais, em Paris. A exposição resulta da colaboração entre esta instituição e o Museu Rodin e inclui outros trabalhos de nomes como Jean-Baptiste Carpeaux, Antoine Bourdelle, Constanti Brâncusi, Henri Matisse e Pablo Picasso, artistas que foram influenciados pelo pai da escultura moderna. “Rodin testemunhou um mundo transformado por revoluções sociais, intelectuais e tecnológicas e a sua arte consegue identificar-se com um mundo moderno que também está a experienciar reviravoltas em muitas frentes”, afirma em comunicado Catherine Chevillot, directora do Museu Rodin.

Para marcar o centenário da morte do escultor francês, o Museu Rodin pretende dedicar mais espaço da sua programação à apresentação de trabalhos de artistas contemporâneos. É a esse propósito que surge Kiefer-Rodin, uma exposição que pode ser visitada até 22 de Outubro e que põe diálogo a obra de Rodin e do pintor e escultor alemão Anselm Kiefer (n.1945). “Nesta apresentação, o museu irá mostrar vários gessos desconhecidos de Rodin que reflectem as preocupações e o combate estético partilhados pelos dois artistas”, pode ler-se no site da instituição. Nem fora dos museus a data passará em branco, com a emissão de uma moeda de dois euros com a imagem de O Pensador (1880) e de um selo onde figura O Beijo (1888). Além disso, está a ser produzido Rodin, um filme de Jacques Doillon com Vincent Lindon no papel principal, que tem estreia francesa marcada para 24 de Maio.

A obra de Rodin faz actualmente parte do programa do ensino secundário em artes visuais das escolas francesas, o que segundo Catherine Chevillot permite introduzir “milhares de jovens à sua história e ao seu método de expressão através do estudo do seu trabalho”. Auguste Rodin é hoje um incontornável símbolo da arte francesa e prova disso é o caminho percorrido pela sua obra O Pensador. Com fraca receptividade aquando da sua instalação em frente ao Panteão de Paris em 1904, viria a estar em 2003 na Portas de Brandemburgo, em Berlim, para celebrar o 40º aniversário do Tratado de Élysée, e em 2007 em Roma para celebrar os 50 anos do Tratado de Roma. “O Pensador tornou-se um verdadeiro embaixador de França”, refere Audrey Azoulay. A ministra da cultura e da comunicação sublinha na mesma nota de imprensa que “a força de Rodin está no testemunho artístico que deixou aos artistas modernos”.

Auguste Rodin notabilizou-se pelo trabalho realizado em monumentos públicos e esculturas de bronze com base numa linguagem corporal que alude à sensualidade feminina e à paixão humana. De acordo com Catherine Chevillot, o “papel chave que tem na arte clássica e moderna” faz deste um artista que resiste ao espaço e ao tempo e que chama, a cada ano, 600 mil visitantes ao Museu Rodin. Mas o reconhecimento artístico que é hoje universal tardou a chegar. Com os primeiros anos de carreira inicialmente marcados pela rejeição, Rodin apenas começou a afirmar-se no panorama artístico em 1880, quando o estado francês lhe encomendou Porta do Inferno, uma grande parte de bronze para o Museu de Artes Decorativas de Paris, que se baseava em passagens de Divina Comédia de Dante Alighieri. “O centenário da sua morte mostra que Rodin continua a ser fonte de inspiração, um escultor com os olhos postos no futuro”, remata Audrey Azoulay.

A data será assinalada um pouco por todo o mundo, com exposições como Rodin: The Human Experience, no Portland Art Museum, nos Estados Unidos, Masterpieces on the 100th Anniversary of the Artist’s Death, no Kunsthalle Bremen, na Alemanha e Versus Rodin: bodies across space and time, na Art Gallery of South Australia, em Adelaide, Austrália.

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