Túmulo da mulher de Tutankhamon pode ter sido descoberto no Egipto

A equipa liderada pelo egiptólogo Zahi Hawass acredita ter encontrado um novo túmulo no Vale dos Reis que poderá pertencer a Ankhesenamon, a mulher do jovem faraó egípcio. A confirmar-se, a descoberta poderá trazer muita informação sobre esta família complicada.

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Zahi Hawass está a coordenar a investigação no Vale dos Reis Aladin Abdel Nab/REUTERS

Ankhesenamon, a mulher de Tutankhamon, o famoso faraó egípcio que morreu aos 18 anos, continua a ser um grande mistério para os historiadores. Agora, um grupo de arqueólogos liderado pelo egiptólogo Zahi Hawass, que foi durante anos o director dos serviços encarregados do património no Egipto, descobriu um novo túmulo no Vale dos Reis, em Luxor, onde poderão estar os restos mortais da esposa e meia-irmã do faraó, mas fez questão de sublinhar que ainda não há certezas.

“Sabemos que existe um túmulo ali, mas ainda não sabemos a quem pertence”, afirmou o especialista por email ao site de notícias Live Science. A sepultura de Ankhesenamon nunca foi encontrada, mas tudo indica que poderá estar localizada perto do túmulo do faraó Ay, sucessor de Tutankhamon e seu segundo marido (e seu avô, uma vez que, presumivelmente, era pai da rainha Nefertiti).

“Sabemos que há um túmulo escondido naquela área porque encontrámos quatro fundações de jazidas”, revelou Zahi Hawass, explicando que se trata de “buracos cavados no chão cheios de objectos votivos, como vasilhas de cerâmica, restos de comida e outras ferramentas, que sinalizavam o arranque da construção de um túmulo”. De acordo com o diário espanhol ABC, “este é um indício claro, uma vez que os antigos egípcios tinham o hábito de fazer quatro ou cinco destes esconderijos no solo e enchê-los de artefactos relacionados com orações”.

O egiptólogo estará a cargo da direcção dos trabalhos que permitirão chegar a novas conclusões, mas o mapa tridimensional da zona delineado entre Fevereiro e Maio pela equipa do arqueólogo italiano Gianfranco Morelli já evidenciou anomalias na rocha onde foram identificadas as jazidas, de acordo com uma entrevista cedida pelo documentarista Brando Quilici, co-autor de Enigma Nefertiti com Zahi Hawass, ao site da edição italiana da revista National Geographic. “O radar detectou uma subestrutura que poderá ser a entrada de um túmulo”, afirmou Hawass.

Por seu turno, Quilici ressalvou que a análise de ADN das múmias encontradas é “bastante problemática” devido ao seu degradado estado de conservação e ao hábito que os egípcios tinham de guardar os corpos de altos dignitários e membros das famílias reinantes dentro de outras sepulturas como medida de protecção contra saqueadores.

A eventual descoberta dos restos mortais de Ankhesenamon foi imediatamente relacionada com uma das múmias que ainda estão por identificar no Museu Egípcio do Cairo, codificada com a nomenclatura KV21 (a sigla diz respeito ao túmulo do Vale dos Reis, Kings Valley em inglês, marcado com o número 21). No ano passado, Zahi Hawass confirmou ao espanhol ABC que as provas preliminares de ADN sugeriam que uma delas poderia, de facto, ser a mulher de Tutankhamon. O arqueólogo afirmou à mesma publicação que a outra múmia pertenceria à rainha Nefertiti, que segundo avançara o britânico Nicholas Reeves em 2015, poderia estar numa câmara oculta por trás das paredes da sepultura de Tutankhamon.

As escavações em causa fazem parte de uma nova investigação cujo objectivo é mapear os locais onde está sepultada a realeza egípcia e começou no início do ano no Vale dos Reis.

O túmulo de Tutankhamon (que reinou entre 1333 e 1323 a.C. e se casou aos nove anos) foi descoberto pelo arqueólogo britânico Howard Carter em 1922 e imediatamente envolto numa aura de mistério. Lord Carnarvon, o homem que financiou a expedição, viria a morrer semanas depois, alimentando o rumor de que a profanação da sepultura desencadeara uma maldição que constava de uma inscrição que teria sido encontrada no túmulo do faraó. Nela se poderia ler que aqueles que o perturbassem seriam “visitados pelas asas da morte”. Nunca a existência de tal inscrição foi comprovada.

Zahi Hawass foi director do Conselho Supremo de Antiguidades do Egipto entre 2002 e 2011 e foi ministro das Antiguidades depois da criação do cargo em Janeiro de 2011. Com o início da Primavera Árabe e a queda do Presidente Hosni Mubarak, apresentou a demissão por não conseguir evitar o aumento das pilhagens no país, voltando mais tarde a ser reeleito para o cargo. Actualmente, Hawass continua a trabalhar na protecção dos complexos arqueológicos faraónicos e é director da equipa italiana que trabalha no Vale dos Reis.

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