Sobre a noite passada: The Walking Dead e o olho do tigre

Sétima temporada chegou ao fim com um conflito a começar. Mais uma morte, mais uma viragem. Spoilers sobre o último episódio.

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Gene Page/AMC

Foi um crescendo de 16 semanas, fora a paragem de Inverno, tudo à espera de uma recompensa: The Walking Dead ia desembocar num confronto entre heróis e vilões, depois de um início de temporada com duas mortes de personagens queridas. Não é por acaso que muitas das críticas ao episódio transmitido segunda-feira pela Fox em Portugal se questionam sobre quem morreu em The First Day of the Rest of Your Life. É uma série de vida ou morte, e neste caso houve uma de monta.

“Nós somos os que sobrevivem”, dizia Michonne, uma das resistentes do grupo de Rick Grimes, antes de a batalha começar. E depois de um revés da intriga, quando as forças de um plano laboriosamente construído se inverteram, a série lançou-se numa série de sequências de acção de guerrilha, realizadas por Greg Nicotero. Não sem antes outro plot twist, particularmente pungente porque trouxe a morte de Sasha, interpretada por Sonequa Martin-Green, embora nas suas próprias condições como sacrifício humano para tentar matar o vilão, Negan.

Foi ele que falou ao PÚBLICO há menos de um mês, quando a Walking Dead European Tour passou por Portugal, tão afável quanto um vilão de BD pode ser. Jeffrey Dean Morgan, actor, envergou então a pele de Negan em Lisboa para explicar o que previa para o último episódio. “Estou intrigado com este novo grupo de pessoas”, disse sobre os seus antagonistas, que conseguiram mobilizar um outro grupo, os Scavengers, e tentaram conquistar outros sem garantias até à batalha de Alexandria. “Negan sempre conseguiu fazer com que as pessoas seguissem as suas ordens com grande facilidade. Tem pessoas, em número, e tem uma maneira de ser que instila medo nas pessoas. E subitamente há este novo grupo na sua órbita que não se verga a ele e, quando Daryl foge das suas garras, o jogo começou. Negan, agora, ainda pensa que sabe tudo o que está a passar-se à sua volta.”

E sabia num aspecto, aquele que ditou uma traição e criou um dos momentos de viragem da história. Mas estava de fora noutro, aquele em que o tigre Shiva salva Rick e o filho de mais uma tragédia às mãos do vilão, que não esperava que outros dois grupos de sobreviventes, Hilltop e O Reino, viessem em auxílio de Alexandria. 

“Aqui há uma ideia política muito básica em jogo. Eles querem viver num mundo justo em vez de ter de ser só o [mundo] de Negan”, explica o showrunner Scott M. Gimple, um dos três autores do guião de The First Day of the Rest of Your Life. Por isso, “está em jogo o princípio da civilização, esta nova civilização que eles querem construir em vez desta estranha meia-vida a servir um déspota”, disse à Variety horas depois do fim da temporada, emitido domingo à noite no AMC americano. O que aponta, embora com um elenco diferente no que toca às vítimas mortais, para uma oitava temporada a seguir um conhecido arco narrativo dos comics de Robert Kirkman que servem de base à série televisiva, a All-Out War, em que as comunidades de sobreviventes se organizam para combater os Salvadores de Negan.

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Gene Page/AMC

Nos comics, não é Sasha que morre – aliás, nem existe na obra de Kirkman. A sua morte na série estava a tornar-se inevitável visto que será a protagonista do regresso de Star Trek à televisão (Star Trek: Discovery), depois de se ter estreado em The Walking Dead na terceira temporada. A sua despedida marca então uma nova fase na história, tendo sido um dos momentos de avanço num episódio mais longo e que os críticos têm elogiado por, não sendo perfeito na execução, ter tido momentos de surpresa e satisfação. Pelo caminho ficaram as habituais migalhas de sugestão para a próxima temporada (previsivelmente em Outubro), como o papel de personagens como Dwight ou Eugene e suas lealdades, bem como a fuga dos Scavengers.

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