Uma coisa é estar a ouvir a última obra-prima de Leonard Cohen – You Want It Darker – pensando tristemente que é a última que vamos ouvir. Foi com essa impressão que fiquei depois de ler a peça de David Remnick na New Yorker. Remnick foi influenciado – e no bom sentido – por uma das melhores reportagens de sempre sobre artistas musicais. Foi publicada na Esquire em Abril de 1966 e continua a ser um grande prazer lê-la online: “Frank Sinatra Has A Cold” escrita por Gay Talese, recentemente metido em maus lençóis.
Outra é poder ouvir as mesmas belas canções sabendo que Leonard Cohen tenciona viver até aos 120 anos ou mesmo “para sempre” e que tem planos para gravar mais dois álbuns de originais.
A reportagem de Chris Willman na Billboard, disponível online, é divertida. Conta como foi uma conversa pública com Cohen em Los Angeles. Não vou estragar o prazer dos leitores citando o que Cohen diz. Mas aconselho que se veja o breve vídeo que acompanha o trabalho, até para ver a adoração na cara dos interlocutores e o bom humor de Cohen.
Assim passei a ouvir You Want It Darker com outra alegria. Gosto muito da produção de Adam Cohen. Esquece-se imediatamente que é filho de Leonard Cohen. David Marchese entrevistou-o na Vulture e Adam Cohen conta que só foi escolhido porque Patrick Stewart, o talentoso produtor dos dois álbuns anteriores, não pôde continuar o trabalho que já tinha começado.
Bendito destino: também musicalmente Adam Cohen conhece (e adivinha) bem o pai dele.