Sim, não, talvez? A ver vamos

Primeiras reacções internacionais ao filme de João Pedro Rodrigues.

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Era um dos “12 filmes mais aguardados de 2016” para a revista Cahiers du Cinéma e a “bolsa de apostas” calculada pelo crítico britânico Neil Young dava-o como favorito para o Leopardo de Ouro – tudo isto poucas horas antes da estreia oficial de O Ornitólogo no concurso do festival de Locarno, esta segunda-feira à noite. 

À imprensa, o filme foi mostrado durante a tarde de domingo, para a maior enchente de jornalistas até agora no certame, e as reacções fizeram-se esperar; não apenas porque o festival pede aos jornalistas que evitem escrever antes das projecções públicas e porque o ambiente de Locarno convida à reflexão mais descansada sobre as obras projectadas, sobretudo porque a quinta longa-metragem de João Pedro Rodrigues parece confundir as hostes.

Pelos corredores do festival ouvem-se opiniões a favor e contra (os Cahiers du Cinéma gostaram, o Le Monde detestou), com uma série de “sim, mas...” ou “não, mas...” que esperam articulação no papel ou na Internet. As primeiras declarações públicas vieram do crítico britânico Jonathan Romney, colaborador das revistas Sight & Sound e Film Comment e membro do júri da primeira obra este ano – no Twitter, definindo-o como “Alain Guiraudie e David Lynch numa caminhada de fim-de-semana nos bastidores do surrealismo místico português gay”. O crítico polaco Pawel Wieszczecinski evoca Pasolini e Harmony Korine e chama-lhe um OVNI, o francês Morgan Pokée chama-lhe “selvagem e alucinado”. 

Entretanto, a maioria das primeiras críticas já publicadas rende-se ao filme. O crítico argentino Diego Batlle (do jornal La Nación e do site Otros Cines) dá-lhe quatro estrelas e meia em cinco, chamando-lhe uma obra “genial e desmesurada” e “uma das apostas mais radicais do cineasta português dentro de uma filmografia já de si audaz”; no site Indiewire, Eric Kohn dá-lhe nota máxima e chama-lhe “a confirmação de um genuíno artista cinematográfico”, “explorando territórios cada vez mais ambiciosos com resultados tão desconcertantes como iluminados”. No site The Film Stage, Ethan Vestby, menos convencido, evoca Twin Peaks e Lisandro Alonso para explicar o que define como um regresso aos terrenos de O Fantasma. Leo Goldsmith do site The Brooklyn Rail chama-lhe “uma obra-prima sem tirar nem pôr”, enquanto Giovanni Marchini Camia diz, na revista Filmmaker, que é “o mais decepcionante” dos títulos mostrados até agora a concurso, “uma sucessão demasiado longa de invenções cada vez mais barrocas”. Seja como for, parece definitivo que O Ornitólogo já está nas bocas do mundo.

Notícia actualizada às 12h de 9/08 com mais reacções.

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