Verhoeven, Guiraudie, Dolan, Mendoza ou Almodóvar competem em Cannes

O Festival de Cannes prepara-se para a sua 69.ª edição com George Miller como presidente do júri.

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Isabelle Huppert num dos filmes mais aguardados: Elle, de Paul Verhoeven, que é um dos HeróisIndie do IndieLisboa
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Julieta, de Almodóvar
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Juste la Fin du Monde, de Xavier Dolan
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Money Monster, de Jodie Foster, será exibido fora de concurso
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Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, com Sónia Braga
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The Neon Demon, de Nicolas Winding Refn

A abertura do 69.ª edição do Festival de Cannes (de 11 a 22 de Maio) vai ser feita com Café Society, de Woody Allen, exibido fora de competição, como já tinha sido anunciado. Mas hoje foi justificado: "Woody Allen em Cannes é como Molière na Comédie-Française, temos fidelidade a este cineasta”, disseram Thierry Frémaux e Pierre Lescure durante a conferência de imprensa de apresentação da Selecção Oficial. Pierre Lescure é o presidente do Festival, Frémaux é o delegado-geral.

Serão 20 os filmes em competição: Toni Erdmann de Maren Ad; Julieta de Pedro Almodóvar – já estreado em Espanha, mas cuja campanha de promoção foi parcialmente anulada devido à revelação dos Panama Papers e da inclusão do nome do realizador no "escândalo"; American Honey, de Andrea Arnold; Personal Shopper de Olivier Assayas, um dos vários franceses em concurso, sendo os outros Ma Loute, de Bruno Dumont, Mal de Pierres, de Nicole Garcia e Rester Vertical de Alain Guiraudie (cineasta que fez um dos acontecimentos do Un Certain Regard de 2013 com O Desconhecido do Lago, e certamente por isso sobe à competição); Juste la Fin du Monde, de Xavier Dolan (depois de partilhar o Prémio do Júri, com Godard, em 2014, como não poderia voltar a ser apetecível pelos seleccionadores?); Paterson de Jim Jarmusch; Aquarius, do brasileiro Kleber Mendonça Filho, com Sónia Braga; La Fille Inconnue, dos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne - todos os filmes dos irmãos são intercepções de “filles inconnues”, e é verdade que o par que já duas vezes venceu a Palma de Ouro vem deixando sempre em Cannes a sensação de déjà vu, como aliás acontece com Ken Loach (I, Daniel Blake); Ma' Rosa de Brillante Mendoza; dois romenos que são sempre de se ficar alerta, Bacalaureat, de Cristian Mungiu (Palma de Ouro em 2007 com 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias) e Sieranevada, de Cristi Puiu; Loving, de Jeff Nichols; Agassi, de Park Chan-Wook; The Last Face de Sean Penn; The Neon Demon, de Nicolas Winding Refn, que já foi elevado aos píncaros e já foi rebaixado em Cannes; e Elle de Paul Verhoeven, em que Isabelle Huppert é violada por um mascarado, passa o filme à procura dele e no terceiro acto há uma reviravolta – uma das ferozes heroínas de Verhoeven, por certo, e se o filme não vai estar presente no ciclo que o IndieLisboa organiza sobre a obra do realizador, podemos imaginar nela, Huppert, uma descendência de personagens femininas ferozes da obra do cineasta holandês, da Renée Soutendijk de Spetters e de O Quarto Homem, à Carice van Houten de O Livro Negro, passando pela Sharon Stone de Instinto Fatal.

Fora de concurso, destacam-se Spielberg (Disney’s the BFG), Jodie Foster (Money Monster), Albert Serra (La Mort de Louis XIX), Paul Vecchiali (Le Cancre), e Exil de Rithy Panh.

A lista de estrelas pode também começar a ser feita: Kristen Stewart, Ryan Gosling, Russell Crowe, Charlize Theron, Javier Bardem, Adam Driver, Adèle Exarchopoulos, Marion Cotillard, Vincent Cassel, Léa Seydoux, Adèle Haenel, Fabrice Luchini, Juliette Binoche, Valeria Bruni-Tedeschi, Huppert... Este ano haverá muitas, disse Frémaux, mas lembrou duas coisas: que a escolha do filme de abertura deste ano recaiu num realizador, Woody Allen, que trata todos os seus actores da mesma maneira, e se calhar por isso todos querem trabalhar com ele, e que se há um corrupio na passadeira vermelha nas sessões de gala que é muito importante para a presença pública dos festivais na imprensa generalista, os fotógrafos estão em Cannes também para fotografar as equipas dos filmes de cinema de autor.

Uma novidade: é a primeira vez que não haverá filme de encerramento no festival. "Há na história de Cannes filmes de encerramento que foram marcantes, como por exemplo a sessão com Thelma & Louise", disse Frémaux. "Mas é verdade que nesse dia já há menos media e menos gente”, por isso fica sempre no ar o clima de fim de festa. O último filme a ser exibido será aquele que tiver ganho a Palma de Ouro.

 

 
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