Sanne de Wilde e Tito Mouraz vencem prémio Emergentes dos Encontros da Imagem de Braga

Prémio de novos talentos reconhece pela primeira vezes dois fotógrafos com a distinção máxima.

Uma imagem da série “The Dwarf Empire”
Fotogaleria
Uma imagem da série “The Dwarf Empire” Sanne de Wilde
Fotogaleria
Tito Mouraz é um dos artistas representados pela galeria lisboeta Módulo Tito Mouraz

A belga Sanne de Wilde e o português Tito Mouraz venceram ex-aequo o prémio Emergentes DST 2013 dos Encontros da Imagem de Braga que distingue o melhor portefólio de fotografia contemporânea e tem um valor pecuniário de 7500 euros. O galardão foi entregue no sábado à noite numa cerimónia que decorreu no Theatro Circo, em Braga.

Sanne de Wilde foi reconhecida pela série The Dwarf Empire, retrato íntimo dos lugares e dos habitantes de uma localidade “artificial”, o Jardim Ecológico Mundial de Butterfly, na província chinesa de Yunnan, onde transborda a fantasia, a lenda e o ambiente kitsch. Neste “império dos anões”, que é um parque de diversões ao ar livre, onde cerca de 80 pessoas fazem performances e espectáculos para viajantes e turistas verem, foi idealizado um país fictício, com capital, ministério dos negócios estrangeiros, finanças, cultura e até um exército… Duas vezes por dia, os anões encarnam todo o tipo de personagens, cantam e dançam. Sanne de Wilde quis explorar “as questões éticas” que se colocam neste tipo de espectáculos.

A fotógrafa belga encontrou um mundo encantado e com uma capa de alegria que, afinal, se revelou também um mundo de contradições, dúvidas, sobrevivência e até desencantamento. Esta “terra prometida” para pessoas de palmo e meio (que fica perto de Kunming) foi criada por “um homem alto e rico” determinado a fazer “alguma coisa boa” para com os anões. As imagens de Sanne de Wilde mostram que essa intenção está longe de estar concretizada e, sem grandes doses de dramatismo, conseguem dar-nos mais uma versão moderna do anti conto de fadas. Sanne de Wilde nasceu em 1987 e estudou na Academia Real de Belas Artes de Gent.

Tito Mouraz foi outro dos distinguidos (a atribuição do reconhecimento máximo ex-aequo é uma decisão inédita nos Encontros), pelo seu trabalho de reflexão sobre a “a paisagem transformada de Portugal” que revela “afecto com as gentes da sua terra”. A organização sublinha a procura de Mouraz pelo que é “difícil transpor para a película”, como “a experiência pessoal de tudo o que se sente”. Tito Mouraz, (1977, Canas de Senhorim) tem formação em Artes Visuais e Fotografia, pela Escola Superior Artística do Porto, cidade onde vive e trabalha. É um dos artistas representados pela galeria lisboeta Módulo - Centro Difusor de Arte e está representado em várias colecções privadas e na colecção BES Art.

O júri de selecção que premiou Tito Mouraz e Sanne de Wilde era constituído por Anna-Kaisa Rastenberger (curadora chefe Museu da Fotografia de Helsínquia, Finlândia), Louise Clements (directora artística do Festival Quad&Format, de Derby, Inglaterra) e Tina Schelhorn (Directora da Galeria Lichtblick, em Colónia, Alemanha).

Para além dos dois primeiros prémios foram atribuídas menções honrosas ao japonês David Favrod e ao espanhol Alvaro Laíz. Ao todo, foram enviados para o Emergentes DST, que vai na quarta edição, 400 candidaturas, a maior partes das quais vindas do estrangeiro.

Os Encontros da Imagem de Braga, cujo tema é Love will tear us apart, decorrem até ao dia 27 de Outubro em vários espaços da cidade. 

Uma das novidades dos Encontros deste ano é a sua extensão a espaços das cidades do Porto e de Lisboa. No Porto, a partir de 2 de Outubro, o Espaço Mira acolherá Álbum de Família, o trabalho que Nelson D'Aires construiu em torno do espólio do fotógrafo ambulante de Mora, António Gonçalves Pedro. Em Lisboa, estão no programa as exposições de Jaime Vasconcelos (Revoluções, Galeria das Salgadeiras), Pauliana Valente Pimentel (Jovens de Atenas, Galeria Boavista) e Mel O'Callaghan (Ensemble, Galeria Belo-Galsterer). Na capital, as mostras inauguram-se a 9 de Outubro.
 
 
 

Sugerir correcção
Comentar