Planos para “o enorme investimento” do próximo festival da Eurovisão começam esta semana

RTP admite que custos “não cabem no orçamento" da estação. Estimativas de custos da edição de 2017, ganha por Portugal, variam entre 15 e 30 milhões de euros.

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Administração da RTP, liderada por Gonçalo Reis, tem projecto ambicioso pela frente Jornal Publico

Quanto custará a realização do festival da Eurovisão da Canção em Portugal? As contas são difíceis, mas os responsáveis da RTP preparam-se, sem esconder o entusiasmo, para as começar a fazer já a partir desta semana.

“Temos ideia de que é um enorme investimento”, disse ao PÚBLICO o director de Programas da RTP, Daniel Deusdado,  enquanto  o administrador Nuno Artur Silva assume que  “não tem cabimento no orçamento da empresa”.

Nuno Artur Silva, a caminho do aeroporto de Lisboa para receber a delegação portuguesa, que incluía vários representantes da RTP e chegou neste domingo a Portugal depois de ganhar a edição organizada pela Ucrânia, destacou "a enorme alegria pela vitória conseguida" e não escondeu o entusiasmo com a organização do próximo festival. “É um evento comercialmente muito apetecível", disse, acrescentando que será necessário procurar parceiros. O responsável considera que “ainda é cedo" para falar de apoios públicos directos, referindo apenas que "o evento é importante não apenas para as marcas comerciais, mas também para a marca Portugal e Lisboa, nomeadamente em termos turísticos”.

Daniel Deusdado admite que ainda esta semana a direcção e a administração poderão vir a reunir-se para começarem a trabalhar “num plano que será muito significativo e que se afasta da escala da RTP”.

Para esse trabalho contribuirá o dossier de informação que estará nas mãos de Gonçalo Madail, subdirector da RTP, e que acompanhou a delegação portuguesa a Kiev. Um documento que Nuno Artur Silva diz estar desejoso de conhecer. Esse dossier é sempre entregue ao país organizador da edição seguinte do festival.

A contabilização dos custos e dos ganhos são difíceis de fazer, já que envolvem gastos e receitas (nomeadamente publicidade) imediatos e outros diluídos em vários anos, como o impacto no turismo.

Sobre os custos da realização do festival que terminou este sábado com a vitória da canção portuguesa, há várias estimativas – não oficiais – que apontam para valores entre os 15 milhões e os 30 milhões de euros.

Segundo estimativas do banco inglês Natwest, os gastos de 2012 a 2015, totalizaram 129 milhões de libras, cerca de 152,5 milhões de euros.

De acordo com estes números, avançada pelo jornal inglês The Telegraph, à frente do grupo está a cidade de Baku, no Azerbaijão, que realizou o festival em 2012 e terá gastado 48 milhões de libras, ou 56,7 milhões de euros. Este investimento incluiu a construção de uma sala de espectáculos, especificamente para o evento, que gerou uma receita em termos turísticos de apenas sete milhões de libras e criou 529 empregos a tempo inteiro.

No ano seguinte, Malmo, na Suécia, reduziu os custos para 17 milhões de libras (20 milhões de euro) e recuperou quase tudo (16 milhões) através de receitas turísticas, atraindo 32.000 pessoas à cidade

Em 2014, os custos voltaram a subir. A capital dinamarquesa, Copenhaga, gastou 36 milhões de libras esterlinas (42 milhões de euros) e recebeu 13 milhões de libras via turismo. Ainda segundo o The Telegraph, Viena, anfitrião em 2016, gastou 28 milhões de libras (33,1 milhões de euros). A capital austríaca recuperou grande parte, mais concretamente 22 milhões de libras (26 milhões de euros), ao atrair 32 mil turistas.

Os economistas do Natwest admitem que é difícil tirar conclusões definitivas. “Cada cidade anfitriã tem visto um impulso modesto no turismo de curto prazo e na sua economia local”. E reconhecem que "os benefícios a longo prazo são mais difíceis de estimar”, destacando que mais de 180 milhões de telespectadores em todo o mundo e a exposição positiva internacional “é susceptível de aumentar drasticamente as receitas relacionadas com o turismo”.

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