Rir com a arte contemporânea

Centro de artes Arquipélago (Açores) marca a rentrée com uma colectiva multinacional que reúne mais de meia centena de criações a parodiar a vida quotidiana.

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Cartaz da exposição O Risível Enigma da Vida Normal DR

Com Mimic Gimmick – Playing ‘Air Guitar’ to Derek Bailey, uma criação de 2008, o músico e artista visual João Paulo Feliciano marca a presença portuguesa na exposição colectiva O Risível Enigma da Vida Normal, com que o Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, na ilha de S. Miguel, nos Açores, assinala a sua rentrée cultural. Neste vídeo, Feliciano homenageia o grande guitarrista britânico Derek Bailey (1930-2005), um dos nomes do free jazz, mimando-o na interpretação de uma peça ao longo de cerca de cinco minutos. É uma das mais de meia centena de obras que vão poder ser vistas a partir desta sexta-feira (inauguração às 18h), numa mostra colectiva comissariada pelos britânicos David Campbell e Mark Durden.

"O Risível Enigma da Vida Normal explora a importância da comédia na nossa forma de dar sentido às coisas, ajudando-nos a navegar através das dificuldades da vida quotidiana. As coisas a que achamos piada podem ser cruéis e odiosas, estabelecendo fronteiras simbólicas que dividem as pessoas em grupos distintos, colocando aqueles que têm poder contra os que não têm e vice-versa. Mas a comédia é também uma forma de unir as pessoas: dando-lhes consolo, a sensação de uma vivência partilhada e uma poderosa arma de resistência”, escrevem os curadores na apresentação da mostra, que vai poder ser visitada até 31 de Janeiro.

Além de curadores, Campbell e Durden são também artistas representados na exposição através de duas criações do colectivo Common Culture (que partilham com Ian Brown): os vídeos The New El Dorado (2010), uma encomenda para a bienal espanhola Manifesta, realizada em Múrcia, a parodiar os chamados artistas “paraquedistas” com pretensões de comunicarem com culturas alheias; e Trial by Media, uma nova criação com canções populares a coreografar “movimentos de dança para músicas com letras baseadas nas vidas narcisistas e indulgentes das celebridades contemporâneas”.

Muitas outras formas de rir, e de intervir política e socialmente através da comédia, fazem o catálogo de O Risível Enigma da Vida Normal, que contém criações de outro colectivo britânico, Bank, e outras de artistas provenientes de vários países: Carla Garlaschi (Chile), David Sherry (Irlanda), Erica Eyres (Canadá), Gemma Marmalade (Reino Unido), Gilliam Wearing (Reino Unido), Joachim Schmid (Alemanha), John Smith (Reino Unido), Kara Hearn (EUA), Maurice Doherty (Irlanda), Olav Westphalen (Alemanha), Paul McCarthy (EUA), Peter Finnemore (Reino Unido), Pilvi Takala (Finlândia), Richard Hughes (Reino Unido), Richard Wentworth (Reino Unido) e Thomas Geiger (Alemanha).

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