PSOE exige que governo interrompa a difusão do dicionário da Real Academia de História

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A biografia de Francisco Franco foi a entrada do dicionário que gerou a polémica DR

O grupo parlamentar do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) pede que se interrompa a difusão do recém-editado Diccionario Biográfico Español da Real Academia de História espanhola até as suas entradas estarem todas revistas. Os socialistas propõem ainda a criação de uma comissão científica responsável por corrigir a “falta de objectividade” do dicionário.

A iniciativa do Partido Socialista espanhol surge depois da polémica suscitada por algumas biografias presentes na obra, como a de Francisco Franco, escrita por Luis Suárez, que afirma que o general “montou um regime autoritário mas não totalitário”.

Esta entrada gerou uma grande onda de contestação em Espanha, porque segundo as críticas que têm surgido, sofre de falta de rigor científico, percebendo-se nitidamente que o autor tem uma clara simpatia pela figura de Franco, e não mencionando, por exemplo, as dezenas de milhares de vítimas do franquismo.

Na semana passada, a Real Academia de História anunciou que iria alterar esta entrada na sua versão digital mas o PSOE vai mais longe. Todo o dicionário deve ser revisto e está estar devidamente corrigido e alterado “nas imprecisões e incorrecções históricas”, segundo a agência EFE, em não deverá circular no mercado.

Segundo a proposta do partido, a comissão científica estaria composta por historiadores de reconhecido prestígio, independentemente de fazerem parte ou não da Real Academia de História, uma vez que os autores das entradas do dicionário só poderiam ser membros da instituição. O PSOE pretende então quebrar este ciclo, que segundo a proposta, criou uma “insuportável falta de rigor e imparcialidade”.

Os socialistas espanhóis lembram ainda que a Real Academia de História firmou um acordo com o Ministério da Educação, Cultura e Desporto para a elaboração deste dicionário em Julho de 1999 com o objectivo de publicá-lo em oito anos, tendo recebido para o efeito 6,4 milhões de euros.

Desde que foi publicado, no passado 26 de Maio, o Diccionario Biográfico Español, que custa 3500 euros e só pode ser comprada na totalidade dos 50 volumes, tem sido alvo de duras críticas mas a Real Academia de História defende-se, em comunicado, afirmando que “os seus membros actuaram sempre com total independência e respeito ao pluralismo e à liberdade individual.”

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