Olhares bem-intencionados

Pontes de Sarajevo Aguenta-se como um todo, mas sem transcendência.

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Os filmes colectivos são por natureza um berbicacho ingrato e, pelo meio de todos os pastelões institucionais bem-intencionados, contam-se pelos dedos da mão os que realmente conseguem existir enquanto objectos válidos.

Pontes de Sarajevo

procura marcar o centenário da Primeira Guerra Mundial com uma multiplicidade de olhares sobre aquela cidade bósnia que tem estado, por todas as más razões, no centro da História europeia dos últimos cem anos. Percebe-se que houve uma clara aposta artística na escolha dos cineastas (a cargo do crítico francês Jean-Michel Frodon), e o filme aguenta-se melhor como um todo do que a maioria destes projectos. Mas, à excepção do romeno Cristi Puiu (cujo

Europa

é o melhor dos 13 episódios), dos locais Vladimir Perisic e Aida Begic e dos dois episódios “de época” que abrem o filme (a cargo do búlgaro Kamen Kalev e do italiano Leonardo di Costanzo),

Pontes de Sarajevo

nunca consegue transcender as boas intenções institucionais — mesmo Godard parece estar em piloto automático.

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