Polanski adapta best-seller de Delphine de Vigan em dulpa com Olivier Assayas

A Partir de uma História Verdadeira foi publicado este ano em Portugal e conta o bloqueio criativo de uma escritora e o momento em que ela reencontra uma velha amiga, também escritora, gerando-se entre as duas uma relação tão cúmplice quanto obsessiva.

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Arnd Wiegmann/REUTERS

O segredo existia, bem guardado. Sabia-se apenas que o thriller psicológico A Partir de Uma História Verdadeira, assinado pela escritora a realizadora francesa Delphine de Vigan, e vencedor do prémio Renaudot 2015, seria adaptado ao cinema. Faltava saber o resto. Esta semana soube-se, finalmente. Roman Polanski será o realizador e Olivier Assayas o responsável pelo argumento de um filme que deverá estar concluído em 2018.

A Partir de uma História Verdadeira foi publicado este ano em Portugal pela Quetzal e conta o bloqueio criativo de uma escritora, Delphine, e o momento em que ela reencontra uma velha amiga, L., também escritora, gerando-se entre as duas uma relação tão cúmplice quanto obsessiva que intoxica tudo à sua volta. O ambiente de paranóia e vertigem psicológica montado por de Vigan é de tal forma complexo, intrincado e sedutor que funciona como uma armadilha para quem o lê. É quase impossível não cair nela ao fim de poucas páginas e sentir-se parte de uma teia narrativa que manipula realidade e ficção sem fronteiras definidas.

Publicado originalmente em 2015, o livro já vendeu em França mais de 450.000 exemplares. Especula-se que esta "narrativa de abismo", como de Vigan a definu numa recente entrevista ao Ípsilon, seja autobiográfica. Se for, não será só isso. "Não quero contar o real", afirmou ainda nessa entrevista onde confessou que este foi um livro muito construído e que escapa a rótulos.

Tal como muitos leitores, Roman Polanski não resistiu ao romance de Delphine e decidiu fazer dele o seu filme a seguir a Vénus de Vison (2013).  Tudo terá sido acordado na última edição do Festival de Cinema de Cannes, no passado mês de Maio. Quase a completar 83 anos e a trabalhar em D - um filme sobre o caso Dreyfus -, enquanto aguarda pela decisão dos tribunais polacos acerca do pedido de extradição, dos Estados Unidos, para que possa ser julgado num caso de alegado abuso de menor ocorrido em 1977, Polanski vai fazer dupla com o também realizador, argumentista e crítico francês Olivier Assayas, 61 anos. Assayas, que viu o seu Personal Shopper ser premiado em Cannes para a melhor realização, irá transformar o texto de Vigan para o grande écrã num filme produzido pela Wy Productions. 

Este não é o primeiro livro de Delphine de Vigan a ser adaptado ao cinema. Em 2010, o seu romance No et Moi (2007) foi transfomado em filme por Zabou Breitman. 

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