Pintor Darocha morreu em Paris

Artista e professor nascido em Oliveira de Azeméis em 1945 estava radicado em França há quase meio século.

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José Luiz da Rocha Lucília Monteiro
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Pintura de Darocha DR

José Luiz da Rocha, que como pintor normalmente assinava “Darocha”, morreu na noite deste domingo num hospital de Paris, aos 70 anos, vítima de cancro.

Nascido em Oliveira de Azeméis, em 1945, encontrava-se radicado em França, onde chegou no final da década de 60, depois de em 1967 ter partido para Londres com uma licenciatura em Pintura pela Escola de Belas Artes de Lisboa. Em França, doutorou-se em Antropologia Patológica, e leccionou em academias de artes de várias cidades até se fixar em Paris.

Foi a partir da capital francesa que criou uma obra que teria mais reflexo nesse e noutros países europeus do que em Portugal. Aqui, expôs pela última vez em Junho passado, no Museu de Ovar, numa mostra intitulada Ondulações de estilo.

Na notícia então publicada sobre a exposição, o semanário Sol lembrava o episódio acontecido no final dos anos 80, quando o então Presidente Mário Soares, em visita oficial a Paris, fez questão de apresentar o pintor e seu amigo a François Miterrand. “Sim, já o conheço”, respondeu o Presidente francês.

Ainda sobre a obra mostrada em Ondulações de estilo, também citado pelo Sol, Manuel Cleto, director do Museu de Ovar, disse: “A pintura do Luiz da Rocha é muito difícil de caracterizar. Ele tanto está no preto como está no amarelo, no vermelho ou no roxo. Há artistas que têm estilos muito definidos, que se identificam imediatamente. No caso dele, é um artista que muda completamente consoante a fase”.

Em França, chegaram a chamar-lhe “O pequeno Chagall", associando as suas pinturas coloridas e naïves ao universo do grande pintor judeu franco-russo.

Em Portugal, antes da exposição em Ovar, a Câmara Municipal da sua terra natal atribuiu-lhe em 2014 a Medalha da Cidade.

No Porto, antes da notícia da morte de Darocha, o Espaço Mira tinha já anunciado para 30 de Setembro a estreia em Portugal do documentário No Laboratório da Via Láctea, que a jovem realizadora Joana de Bastos Rodrigues dedicou à sua figura e à sua obra. A apresentação do filme será feita por Bernardo Pinto de Almeida, que será também o curador de uma exposição já também prevista para esta galeria de Campanhã.

Numa auto-apresentação na sua página na internet, na terceira pessoa, Darocha (ou J-L. Rochas Paris) escreve: “Nasceu em 1945, em Oliveira de Azeméis, Portugal, e cresceu em todo o mundo. Nunca gostou de ler ou escrever C.V., uma vez que constatou que os CV dos catálogos muitas vezes reflectem uma rendição ao academismo mais banal pelo que evita listar os seus feitos. É acima de tudo um viajante, seja pela imaginação, sonhos, a Via Láctea – sobre montanhas, através de vales e água –, como pelas suas realizações e diapositivos. O trabalho é um mapa de campo e uma peregrinação”.

O corpo de José Luiz da Rocha vai ser cremado em Paris, e tanto nesta cidade como no Porto vão realizar-se duas cerimónias de homenagem em simultâneo, na próxima sexta-feira, dia 16, pelas 19h00 – no Porto, terá lugar na Igreja dos Carmelitas Descalços, na Rua de Gondarém, Foz do Douro.

Notícia actualizada às 16h30, com informação sobre as cerimónias de homenagem ao pintor.

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