Peter Morgan, o autor de A Rainha e Frost/Nixon, acredita que a rainha Isabel II beneficiou com o resultado do referendo que ditou a saída do Reino Unido da União Europeia. Numa apresentação da sua próxima série para o Netflix, o épico The Crown, sobre a monarquia britânica no século XX, disse mesmo: “Aposto que [a rainha] teria votado pelo Brexit’. Mas para sua eterna agonia ou eterno alívio, ela nunca votou na vida”, disse o argumentista e produtor em Los Angeles.

O ‘Brexit’, representou um “óptimo box office” e rendimento para a monarca e teve tido resultados “desesperados para a democracia e para o processo democrático”, defeendeu Morgan esta quarta-feira no encontro com a imprensa do Netflix, durante a sessão de Verão da Television Critics Association. “O nosso país parecia estar a ter um esgotamento nervoso, não havia qualquer confiança nos nossos líderes e toda aquela geração de políticos estava apenas focada em si mesma, e portanto na sua auto-destruição", descreve o autor, que não crê que a Grã-Bretanha "esteja sozinha nesta crise extraordinária de liderança” e acrescenta, em referência a Isabel II, que todo este cenário “nos faz olhar para alguém que abdicou da sua vida de uma forma ligeiramente diferente”.

Um conhecido autor de obras sobre a política britânica, Morgan estava no encontro para falar sobre The Crown, a primeira produção britânica do operador, que se estreia em Novembro. Pensada para várias temporadas de dez episódios, cada uma delas focar-se-á numa década do longo reinado de Isabel II, começando com o seu casamento com o príncipe Filipe e já contando com o início da sua relação institucional com Winston Churchill. Os dez primeiros episódios são realizados por Stephen Daldry (As Horas, O Leitor, Billy Elliot).

Morgan acredita que, apesar da muita distância entre Buckingham e a equipa de The Crown, o casal real “está muito, muito consciente” de que o projecto está a avançar. “São pessoas que não estão habituadas a ser levadas a sério”, atirou, dizendo que estarão “nervosos e entusiasmados”, apesar de “não gostarem de não ter controlo”. Esta série “lida com este assunto com respeito, o que é uma coisa rara”. E o Netflix está a trabalhar arduamente, diz o argumentista, para tentar que ela dê o seu apoio à série, embora os trabalhos em torno de The Crown, já em pós-produção, tenham decorrido de forma completamente independente da casa real. “Não quero ser associado com o palácio”, disse Morgan, citado pela Variety.