Penelope Curtis, a directora do Museu Gulbenkian, é a curadora da exposição da Tefaf, a feira de antiguidades que decorre até 19 de Março em Maastricht, na Holanda. O tema de La Grande Horizontale, conforme tinha sido anunciado, é a figura reclinada, o que permitiu à curadora britânica trabalhar transversalmente da Antiguidade à contemporaneidade. “A figura reclinada pode ser a paisagem ou o horizonte”, explica Penelope Curtis num vídeo publicado no site da feira. Focar-se na linha horizontal permitiu-lhe também saltar entre o figurativo e o abstracto, mover-se entre a vida e a morte, a figura e a terra.

Os artistas escolhidos para a exposição são Ernst Wilhelm Nay (Aurel Scheibler), Thomas Schütte (Konrad Fischer Galerie), Sadie Murdoch (Roberto Pollo Gallery), Charlotte Dumas (Andriese Eyck Glaerie), Suchan Kinoshita (Galerie Nadja Vilenne), Ettore Spalletti (Vistamare Gallery), David Tremlett e Michel Verjux (Jean Brolly Gallery). Os trabalhos antigos, que entram em diálogo com estas escolhas, foram propostos pelos stands de Sam Fogg, Daniel Katz, Marcel Nies, Rupert Wace e Connaught Brown. O programa tem como objectivo trazer novas galerias e antiquários que não são mostrados no programa geral, onde estão, por exemplo, os stands dos portugueses Jorge Welsh e Luís Alegria.

Na própria Gulbenkian, o trabalho de Penelope Curtis tem passado por cruzar a colecção moderna e a colecção do fundador, criando um único museu sob a marca Gulbenkian.

Nesta terceira exposição da Tefaf com curadoria especial, Penelope Curtis mostra, entre outros, o trabalho de Sadie Murdoch intitulado Study for Modelling Charlotte Perriand 3, que questiona as noções de autoria e identidade. Neste auto-retrato, a artista britânica personifica Charlotte Perriand sentada na chaise longue de 1928, normalmente atribuída a Le Corbusier. De facto, a famosa cadeira também foi desenhada por Charlotte Perriand e por Pierre Jeanneret e há fotografias em que a própria designer aparece na posição encarnada por Sadie Murdoch a demonstrar as potencialidades da cadeira. Nesta recriação contemporânea, Murdoch questiona o lugar da mulher e do corpo feminino no período modernista numa cuidadosa encenação que também faz rebentar o colar que Charlotte Perriand usava na fotografia original e foi desenhado por ela.