Paradeiro das gravações originais de Zeca Afonso é desconhecido

Os masters e outras gravações do catálogo Orfeu e de músicos e poetas incontornáveis da cultura portuguesa podem estar num offshore nos EUA, noticia a Antena1.

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O paradeiro de parte das gravações originais de Zeca Afonso é incerto. E, segundo avançou na manhã desta quinta-feira a Antena1, os masters de grande parte da obra de José Afonso, mas também de muitas outras gravações originais pertencentes a Adriano Correia de Oliveira ou leituras de poesia por Miguel Torga ou Sophia, podem estar nos EUA na sequência da sua possível venda pela Movieplay.

No dia em que se assinalam os 30 anos da morte do cantautor José Afonso, a rádio pública noticia que desde 2008 que é desconhecido o paradeiro dos masters, os importantes registos de estúdio, e que um processo de insolvência datado desse ano permitiu perceber que os masters “teriam sido vendidos a uma empresa estrangeira”.

A Antena1 cita o advogado especialista em direitos de autor Francisco Teixeira da Mota, que representou o músico Fausto em 2008 num processo contra a editora Movieplay em que pedia a penhora de património – entre o qual as gravações. Segundo o advogado, a solicitadora que visitou os escritórios da Movieplay relatou que “não tinha sido possível penhorar os masters porque eles não estavam lá e porque teriam sido vendidos a uma empresa estrangeira”. O paradeiro dos masters, disseram fontes próximas do processo à Antena1, poderá ser um “apartado offshore” em Delaware, nos EUA.

Teixeira da Mota indica mesmo que foi apresentada uma factura da venda de materiais à dita empresa estrangeira – e que não referia os masters nem outras gravações da editora, que detinha o catálogo da Orfeu, que incluía registos de Vitorino, Fausto, Adriano Correia de Oliveira, Sérgio Godinho e discos de poesia ditos por autores como Torga, Sophia de Mello Breyner Andresen ou Eugénio de Andrade. Mas o especialista admite que a factura em causa lhe causou alguma estranheza e que “não representava um negócio substancial”.

Ouvido pela mesma estação rádio, o Ministério da Cultura fez saber que considera “importante” a preservação dessas gravações e disse que o Museu Nacional da Música estará a tentar apurar o sucedido.

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