Paco Bandeira destruiu 50 mil discos seus com um cilindro

O vídeo do momento tornou-se viral na última semana, mas foi gravado há sete anos.

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RUI GAUDENCIO / PUBLICO

Um cilindro da construção civil utilizado para a compactação de terrenos é utilizado para destruir 50 mil CD seus espalhados pelo chão de um armazém. Quem o conduz é Paco Bandeira, num protesto contra a falta de atenção que é dada à música nacional e contra as Finanças. As imagens tornaram-se virais na passada semana, mas o cantor português explicou esta segunda-feira, numa entrevista à TVI24, que o vídeo tinha sido gravado em Julho de 2010. O músico mantém, no entanto, as críticas.

No vídeo, Paco Bandeira, agora com 72 anos, surge a protestar contra os donwloads, contra a falta de atenção que as rádios nacionais dão à música que se faz em Portugal e até contra as Finanças, que o impediram de doar os seus discos aos países lusófonos porque lhe cobrariam impostos como se, na realidade, os estivesse a vender.

Depois de criticar downloads e cópias não-autorizadas, o autor e cantor volta-se para as rádios. “Estamos a passar a música a cilindro, a música portuguesa, que é, na maior parte dos casos, aquilo que muitas estações de rádio que nós pagamos fazem — passar a música a cilindro.”

Bandeira contava oferecer os CD destruídos aos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), mas mudou de ideias devido às regras impostas pelas Finanças.

“Se calhar este paleio não é lá grande coisa, mas é verdade. Isto é o resultado do reflexo que a música tem em Portugal. Então temos de acabar com ela assim. Agora toda a gente tira da Internet, toda a gente faz cópias-piratas e pronto”, ouve-se o músico afirmar.

O vídeo tinha sido originalmente publicado pelo canal Saloia TV, em Setembro de 2015, mas não chegou sequer às 180 visualizações (números recolhidos ao início da tarde desta terça-feira, 25 de Julho de 2017). O cenário mudou quando, desta vez, foi o canal "Comentadores" (cuja página de Facebook conta com mais de 74 mil seguidores) a publicar o mesmo vídeo. O vídeo partilhado na quinta-feira passada, dia 20, foi bastante partilhado nas redes sociais e conta já com mais de 47 mil visualizações. Esta terça-feira mantinha-se em 15.º lugar dos vídeos mais populares no YouTube em Portugal.

Ainda que só tenha conquistado a atenção mediática sete anos depois, o músico reitera o protesto “contra aqueles que roubam os músicos portugueses ao fazerem downloads da Internet, em vez de comprarem o trabalho de quem trabalha, contra aqueles que, à frente de rádios, não passam a música portuguesa, ou passam apenas a dos seus amigos”.

Notícia corrigida às 16h25 de 25 de Julho de 2017: na primeira versão do artigo, publicado no dia 21, o PÚBLICO assumia que a gravação do vídeo era recente. A data não foi verificada, como deveria. Pelo erro, pedimos desculpa aos nossos leitores.

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