Orquestra Jazz de Matosinhos vai tocar no Blue Note, em Nova Iorque

Banda dirigida por Pedro Guedes e Carlos Azevedo actuará pela primeira vez no mítico clube ao lado do guitarrista norte-americano Kurt Rosenwinkel.

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Orquestra Jazz de Matosinhos DR
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Carlos Azevedo e Pedro Guedes em Nova Iorque, aquando do concerto da OJM com Lee Konitz DR
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Lee Konitz no concerto com OJM na Casa da Música, em 2006 Adriano Miranda
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Orquestra Jazz de Matosinhos Fernando Veludo/NFactos
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Orquestra Jazz de Matosinhos Fernando Veludo/NFactos

“Este ano é em cheio!”. A exclamação é de Pedro Guedes, pianista e compositor, a comentar a nova viagem da (sua) Orquestra Jazz de Matosinhos (OJM), que esta semana vai regressar a Nova Iorque para actuar, pela primeira vez, no Blue Note, um dos palcos consagrados do jazz mundial.

Depois de ter iniciado o ano com um espectáculo na Konzerthaus de Viena, a OJM vai agora retomar a parceria com o guitarrista norte-americano Kurt Rosenwinkel, para uma semana de concertos – de 17 a 22 de Maio, com duas actuações diárias – no famoso palco de Greenwich Village. E, mais lá para a frente, pisará novos palcos internacionais, entre Belgrado e Barcelona.

Este “ano em cheio” é, pois, mais um passo na “estratégia de internacionalização da música, e dos músicos, da OJM”, acrescenta Pedro Guedes – que com Carlos Azevedo divide a direcção musical desta formação que ambos criaram em 1999, com o apoio da Câmara Municipal de Matosinhos.

A nova semana de concertos no Blue Note segue-se a quatro visitas anteriores da formação à costa Este dos Estados Unidos, em que actuaram noutros espaços de Nova Iorque – Birdland, Jazz Standard, Jazz Gallery e Iridium –, e também no Beantown Jazz Festival de Boston. “São momentos bons; é a oportunidade de relembrar situações anteriores, e voltarmos várias vezes a um lugar como Nova Iorque faz crescer a nossa música”, diz Pedro Guedes. “Espero que seja a última vez antes da próxima”, acrescenta.

A estreia da OJM na Big Apple aconteceu em 2007, quando participou no JVC Jazz Festival, no Carneggie Hall. Dois anos depois, tocou na mesma cidade com o consagrado saxofonista Lee Konitz, com quem viria a gravar o seu segundo disco, Portology – depois de um primeiro registo com outro músico norte-americano, Orquestra Jazz de Matosinhos invites: Chris Cheek (2006).

A terceira gravação da OJM foi com novo músico norte-americano: o guitarrista Kurt Rosenwinkel, com quem registaram Our Secret World (2010). É este trabalho que está na base do reportório que a OJM e Rosenwinkel vão agora tocar no Blue Note. “É uma parceria musical que temos com um grande guitarrista e um grande compositor”, diz Pedro Guedes. “Com ele, estamos sempre a criar novos temas e novos arranjos”, acrescenta o maestro da orquestra, que divide com Carlos Azevedo – e também com o saxofonista francês Ohad Talmor – o rearranjo de vários temas que integram Our Secret World, e que vão ser apresentados no Blue Note, como Zhivago, Secret of the old, Turns, ou Path of the heart.
 
No cartaz em que anuncia a nova semana de concertos da OJM com Kurt Rosenwinkel, o bar nova-iorquino realça que o saxofonista “tem-nos dado uma música que nos conta histórias de uma forma extraordinária e com um alcance imaginativo fora do vulgar”. E cita declarações do próprio Rosenwinkel a recordar a sua colaboração com a banda portuguesa de jazz, e a intensa semana de gravações, em Setembro de 2009, que dariam lugar a Our Secret World. “O que fez o projecto funcionar foi a atitude e o entusiasmo de todos os músicos. Senti verdadeiramente que toda a gente me estava a apoiar, a apoiar a minha música, e realmente a dar o seu melhor. Foi um grande desafio para eles, e eles estiveram mais do que à altura. O espírito que esteve presente durante todo esse trabalho foi fantástico”, disse o saxofonista.

Depois desta nova semana em Nova Iorque, e no que diz respeito a experiências internacionais, Pedro Guedes cita futuras actuações em Espanha, perto de Alicante, com a cantora Maria João, em Agosto; seguindo-se Belgrado, capital da Sérvia, com o pianista João Paulo Esteves da Silva; e, mais para o final do ano, o regresso ao Festival Internacional de Jazz de Barcelona, onde a OJM é formação residente desde há dois anos. Nessa altura – avança Pedro Guedes –, a orquestra vai apresentar um projecto novo, com o pianista norte-americano Fred Hersch.

Também 2017 promete vir a ser um “ano cheio” para a OJM, pois está agendada para a primeira metade do ano a conclusão das obras de restauro e modernização da antiga fábrica da Real Vínicola em Matosinhos, que será a sede da orquestra, além da Casa da Arquitectura. “É um espaço fantástico, que será muito importante para a evolução do nosso projecto para o futuro”, antecipa Pedro Guedes, fazendo notar que, a partir dessa altura, a OJM terá as melhores condições para conciliar a continuidade da aposta na internacionalização com um “trabalho de interacção com a comunidade”, que está também no programa original da orquestra matosinhense.

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