O peso de Vincent Lindon

A Lei do Mercado é um olhar severo sobre a ínvia moralidade laboral dos tempos modernos, construído com frieza e severidade, numa estrutura que põe o peso de Lindon no centro de tudo.

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Este realismo social que sabe bem de que lado da barricada está já foi uma das forças do cinema francês, depois diluída por boas e más razões – nomeadamente o desaparecimento de quem soubesse o que fazer (e fazer bem) com isto. Em todo o caso ainda é de França (o país de Jean Gabin) que continuam a vir as melhores hipóteses de heróis (ou anti-heróis) de “allure” simultaneamente “real” e possuidora de uma dignidade “proletária” tão “velha escola” como a própria palavra “proletário”.

É o caso de Vincent Lindon, umas das presenças mais determinadas e mais “antigas” (no sentido em que nele vive aquele aquele minimalismo expressivo dos grandes actores clássicos) do actual cinema francês. A Lei do Mercado é um olhar severo sobre a ínvia moralidade laboral dos tempos modernos, construído com frieza e severidade (a frieza e a severidade de que já nem os Dardenne parecem ser capazes), numa estrutura que põe o peso de Lindon, em todos os sentidos do termo, no centro de tudo. Mais recomendável, nem que seja para desenjoar das fantasias que todas as semanas vão desaguando nas salas.

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