Não culpem Beyoncé

Não compreendo como é que a 12 de Fevereiro de 2017 Hello da Adele ganhou o Grammy como Best Pop Solo Performance, Record of the Year e Song of the Year. A parte que não percebo, concretamente, é "of the Year". De que ano estamos a falar? De 2016? Não, de 2015. O álbum de que Hello foi tirado chama-se 25 e também é de 2015. 25 era a idade que Adele tinha na altura. Agora tem 28.

No discurso de aceitação Adele revelou que preferia que tivesse ganho o álbum Lemonade de Beyoncé. Lemonade não é só um bom álbum como mais se recomenda por ser de 2016. Disse também que devia tudo a Beyoncé e que a vida dela era de Beyoncé: a vida dela, Adele, e não a de Beyoncé, que realmente é de Beyoncé.

Solange Knowles, cujo álbum A Seat at the Table foi um dos melhores de 2016, ganhou um Grammy mas fez a mesma queixa que Adele: como é que a irmã dela, Beyoncé, perdeu para Adele? É incompreensível, seja qual for o critério musical. Adele pode dizer que deve tudo a Beyoncé mas, por muito que eu ouça as gravações de Adele, não descortino a influência.

Pelo contrário parece-me que a música de Adele se parece com muitas outras músicas desconhecidas e anódinas. É entediante e falsificada.

Os Grammys continuam a nomear e a invocar música boa para premiar música medíocre. As injustiças são flagrantes, as desculpas são insuficientes e as justificações comerciais já não pegam. Não é só Beyoncé que é esquecida. São artistas como Adele que são excessivamente recordadas. E para quê? Para nada.

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