Na sala de estar dos grandes arquitectos

Foto

A exposição Where Architects Live, que pode ser vista entre 8 e 13 de Abril no pavilhão 9 do Salão do Móvel

Os grandes arquitectos da actualidade vivem em casas desenhadas por eles próprios ou por outros? Aplicam aos espaços que habitam os mesmos conceitos que adoptam nas casas que criam para terceiros? São sempre austeros e minimalistas? Ou, pelo contrário, são caóticos e desarrumados?

A exposição Where Architects Live, que pode ser vista entre 8 e 13 de Abril no pavilhão 9 do Salão do Móvel, integrado na Milan Design Week, é uma oportunidade para espreitarmos para casas de oito arquitectos que, de outra forma, nunca teríamos oportunidade de conhecer. A curadoria é de Francesca Molteni, que, em conjunto com Davide Pizzigoni, recolheu vídeos, sons, comentários e outras informações sobre cada uma das casas.

Podemos entrar na casa dos italianos Massimiliano e Doriana Fuksas em Paris, e descobrir a mobília desenhada por Jean Prouvé para uma sala com lareira ao fundo, quase simétrica e bastante minimalista, com um magnífico tecto de madeira trabalhada. Mais informal parece ser a casa do brasileiro Marcio Kogan, cheia de bonecos, num universo que vai de extraterrestres à família Simpson.

A arquitecta britânica de origem iraquiana Zaha Hadid disse numa entrevista ao Guardian que a sua casa é “austera e impessoal” e que, de qualquer forma, passa lá muito pouco tempo. Ficamos a saber agora que o open space em que vive, em Londres, tem paredes claras, muita luz, e obras de arte nas paredes. As formas fluidas e orgânicas que marcam o trabalho de Zaha Hadid caracterizam também, tanto nos objectos decorativos como nos quadros, o espaço que habita.

A casa do japonês Shigeru Ban, outra das exibidas nesta mostra, nasceu no meio da floresta Hanegi, e a principal preocupação do arquitecto foi não perturbar nenhuma árvore — o resultado é um espaço zen, como o quarto de um monge, com poucos móveis e muita luz natural, descreve a Designboom num texto sobre a exposição. Já David Chipperfield, em Berlim, onde trabalhou no projecto de renovação do Neues Museum, criou uma casa e um estúdio e, no pátio entre eles, uma cantina exterior, onde as pessoas podiam reunir-se para conversar.

A exposição leva-nos ainda ao interior das casas de Mario Bellini, Daniel Libeskind e Bijoy Jain (do Studio Mumbai). O que estes oito exemplos provam é que não há apenas um modelo de “casa de arquitecto”, e que o espaço em que estes vivem pode ser o reflexo de questões que se colocam enquanto profissionais, mas não tem de ser necessariamente uma montra do trabalho que fazem. Pode ser simplesmente o lugar onde se sentem em casa.  
Sugerir correcção
Comentar