Museu do Prado prolonga exposição de Bosch e mantém portas abertas até à meia-noite

A pinacoteca espanhola decidiu manter aberta até 25 de Setembro a exposição que marca o quinto centenário da morte do pintor holandês, que já atraiu quase 430 mil visitantes.

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Fragmento de Tentações de Santo Antão (c. 1500), tríptico do Museu Nacional de Arte Antiga

São mais 14 dias que certamente bastarão para acrescentar milhares de visitantes ao balanço final da exposição que o Museu do Prado, em Madrid, dedica desde 31 de Maio ao pintor Jheronymus Bosch (c. 1450-1516). A pinacoteca espanhola, uma das mais importantes do mundo, acaba de informar que, em vez de fechar as portas a 11 de Setembro, Bosch: A Exposição do 5.º Centenário só termina a 25.

Esta exposição monográfica, concebida para marcar os 500 anos da morte do mestre holandês que é hoje, indiscutivelmente, uma das grandes referências da arte de todos os tempos, recebeu já quase 430 mil visitantes, segundo um comunicado que o museu fez chegar às redacções esta sexta-feira.

Para que mais pessoas tenham oportunidade de percorrer as salas onde o museu mostra pinturas e desenhos do artista que pertencem a 30 instituições espalhadas por dez países, o Prado criou ainda horários especiais – nos dois últimos fins-de-semana a exposição estará aberta até à meia-noite – e convida os interessados a comprar bilhete com antecedência e a reservar um período de visita na Internet para evitar filas (as entradas são feitas com hora marcada para que não haja demasiados visitantes a circular nas galerias ao mesmo tempo).

A mostra inclui muitas das obras-primas de Bosch, garantiu aos jornalistas a sua comissária, Pilar Silva, à data da inauguração, definindo-a como uma oportunidade “única” e “irrepetível” para ver ao vivo num mesmo lugar pinturas como Jardim das Delícias Terrenas (Prado), A Coroação de Espinhos (National Gallery, Londres) ou Cristo Carregando a Cruz (Património Nacional, Espanha), isto sem esquecer um dos desenhos mais celebrados do mestre, Homem-Árvore (Museu Albertina, Viena). Entre os grandes destaques desta monográfica está o tríptico As Tentações de Santo Antão, que pertence à colecção do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, de onde não saía (e de onde não voltará a sair em breve) há 24 anos.

No lugar que o tríptico costuma ocupar no museu lisboeta está agora um auto-retrato do grande pintor e gravador do Renascimento alemão Albrecht Dürer (1471-1528), da colecção do Museu do Prado.

O MNAA pretende marcar o regresso do tríptico de Bosch com um encontro com a historiadora de arte espanhola Pilar Silva, uma das maiores especialistas na obra de um pintor que associamos a um universo de tentações e pecados, mas que está longe de ser apenas um inventor de demónios.  

Neste aniversário da morte de Bosch, o museu madrileno "compete" com um holandês, o Noordbrabants Museum, em Hertogenbosch, a terra onde o artista nasceu, hoje capital da província do Brabante do Norte, que, entre Fevereiro e Maio, lhe dedicou a sua própria exposição, vista por 422 mil pessoas. É precisamente um dos conservadores deste museu dos Países Baixos, o historiador de arte Matthijs Ilsink, o coordenador da equipa de especialistas que nos últimos seis anos percorreu o mundo a analisar as obras atribuídas ao pintor para criar o seu primeiro catálogo raisonné, entretanto publicado no meio de uma acesa polémica com os espanhóis. É que a equipa de Ilsink chegou à conclusão que três das obras que o Prado tem na sua colecção e cuja autoria atribuiu ao pintor do Jardim das Delícias não foram por ele executadas. Conclusões que, naturalmente, o museu madrileno contesta veementemente.

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