Morreu Otis Clay, ícone da soul e do blues de Chicago

Autor de Trying to live my life without you tinha 73 anos.

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Otis Clay planeava uma digressão para este ano DR/Facebook Otis Clay
Música somava uma carreira de mais de 40 anos
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Músico somava uma carreira de mais de 40 anos DR/Facebook Otis Clay

Desapareceu uma lenda de Chicago, escrevem os jornais norte-americanos. O músico Otis Clay, que seguia a tradição musical negra do blues deixada por Otis Redding, morreu na sexta-feira em Chicago. Tinha 73 anos e não resistiu a um ataque cardíaco. 

“A indústria da música gostava de chamar ao mestre vocal Otis Clay um cantor soul. Ou um rei do R&B. Ou um titã do gospel. Ou um homem do espectáculo altamente energético. Ele foi tudo isto, e mais”, escreve o jornal Chicago Tribune. Trying to live my life without you, The only way is up e She's about a mover são alguns dos temas que deixa de uma carreira com mais de quarto décadas.

Otis Clay nasceu no Mississippi em 1942 mas foi em Chicago que cresceu e se fez músico. Era conhecido por todos na cidade, não só pela sua música mas também pelo seu trabalho de caridade, segundo a Fox News. “Acho que sempre amei Chicago”, disse o músico numa entrevista ao Chicago Tribune em 2013, ano em que entrou para o Blues Hall of Fame. “As pessoas dizem que sou do Mississippi e eu digo que Chicago é só um subúrbio do Mississippi”, contava então, explicando que precisava de estar nos lugar onde várias lendas viveram. “Fossem do blues ou do gospel, estavam em Chicago. Acho que tinha uns seis ou sete anos quando fui ao meu primeiro concerto, era o Muddy Waters. E agora estou aqui a tocar em clubes locais onde Muddy Waters também tocou.”

À Associated Press, o músico Billy Price, também um colaborador de longa data de Otis Clay, lembrou como este “foi o último porta-estandarte da música soul profunda do sul”. “O verdadeiro gospel que estava no auge em finais dos anos 1960 e princípios e meados dos anos 1970”, destacou. “Tive a oportunidade de cantar com ele e de aprender com um dos verdadeiros mestres”, acrescentou o músico, contando que a primeira colaboração entre os dois aconteceu em 1983. “Tenho tantas memórias dos grandes concertos que fizemos juntos ao longo dos anos...”

Para Billy Price, Otis Clay conseguiu sempre sobreviver à evolução da música e do género, mantendo-se fiel à tradição. “Era um ícone para todos os que trabalham neste género”, defendeu.

Clay começou por cantar na igreja quando nos anos 1950 decidiu juntar-se a um coro de gospel. A sua voz e atitude distinguiam-se e não tardou a gravar música. Em 1965 assinou com a One-derful! Records e dois anos depois dava nas vistas e conseguia o seu primeiro hit, That's how it is (when you're in love), ao que se seguiu outro êxito, She's about a mover – uma versão do tema da banda Sir Douglas Quartet.

Pouco tempo depois, Otis Clay juntava-se a Willie Mitchell, pianista que habitualmente acompanhava Al Green e seu produtor e desta colaboração nasceria o seu grande tema, pelo qual ainda hoje é lembrado, Trying to Live My Life Without You.

Otis Clay nunca parou de actuar e gravar. Em 1997 gravou uma versão de Wild horses dos Rolling Stones para o disco de tributo Paint It Blue: Songs of the Rolling Stones. Em 2008 foi nomeado para os Grammys na categoria de Performance Vocal Tradicional de R&B com Walk a Mile in My Shoes.

O músico, que em 2013 editou Truth Is, planeava uma digressão para este ano.

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