Morreu o mais jovem sobrevivente da lista de Schindler

Leon Leyson tinha dez anos quando a Alemanha invadiu a Polónia. Com 13 trabalhava numa fábrica do homem que salvou 1100 judeus do Nazismo. Morreu aos 83, nos EUA, para onde emigrou.

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Fotograma de "A Lista de Schindler", realizado por Steven Spielberg em 1993 Imagem: DR

Morreu no sábado o mais novo sobrevivente da lista de Schindler. Leon Leyson era um o rapaz que trabalhava na fábrica de Schindler em cima de uma caixa de cartão. Tinha 83 anos e morreu em casa, em Fullerton, nos Estados Unidos, depois de quatro anos a lutar contra um linfoma.

O empresário alemão Oskar Schindler salvou mais de mil judeus do Holocausto empregando-os numa fábrica em Cracóvia, Polónia. O mais novo era Leon Leyson, ou o “Pequeno Leyson” como lhe chamava.

Leib Lejzon, agora Leon Leyson, nasceu a 15 de Setembro de 1929 em Narewka, uma aldeia polaca próxima da fronteira com a Rússia. Dez anos depois, com a invasão nazi, a vida deu uma volta inesperada e o rapaz passou a ter de viver num gueto com a família. O pai foi trabalhar para a fábrica de vidro de Schindler, que alegava que os judeus eram necessários para a produção e, assim, evitava que fossem deportados para campos de concentração.

Leon Esperou três anos e conseguiu convencer um oficial alemão de que o seu nome também tinha de constar na famosa lista de Schindler. Aos 13 anos, tinha de subir para uma caixa para alcançar as máquinas, mas a sua determinação e a bondade de Schindler salvaram-lhe a vida.

Em 1949, emigrou para Los Angeles, nos Estados Unidos, e com a experiência adquirida na fábrica, estudou Artes Industriais. Passou a maior parte da vida a trabalhar como professor numa escola secundária. Segundo contou a filha Stacy Wilfong ao jornal Los Angeles Times, Leyson raramente falava na experiência de infância.

“A verdade é que eu não vivi a minha vida na sombra do Holocausto”, justificou Leyson numa entrevista ao jornal The Oregonian, em 1997. “Não dei aos meus filhos um legado de medo. Dei-lhes um legado de esperança”, acrescentou.

Porém, este silêncio havia de se romper quando, em 1993, o realizador Steven Spielberg decidiu levar a história para os ecrãs. A partir de então, Leyson passou a dar palestras e percebeu que o mundo estava, efectivamente, interessado na história do “Pequeno Leyson”.

“Cada vez que ele contava a sua história ele nunca recorria a notas, nem nunca dava a mesma palestra duas vezes. [A história] vinha sempre da sua cabeça e do seu coração”, contou Marilyan Harran, amiga de Leyson e professora na Universidade de Chapman, Califórnia, aos meios de comunicação americanos. “Isso fazia as pessoas irem embora a saber que queriam ser pessoas melhores, preocuparem-se mais, lembrando-se não só do Holocausto, mas de que nunca podemos ser indiferentes”, recordou.

Em 1974, numa visita de Oskar Schindler a Los Angeles, Leyson fez parte do grupo de judeus que o foram receber ao aeroporto. No entanto, quando o alemão chegou, Leyson não foi capaz de lhe falar. Mas Schindler reconheceu-o: “Eu conheço-te. És o ‘Pequeno Leyson’”, disse-lhe. Foi a única vez que se viram desde que Leyson deixara a Polónia.

Em Fevereiro vai ser construído um memorial em sua homenagem na capela da Universidade de Chapman.

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