Morreu Charlie Murphy, o comediante que saiu da sombra do irmão Eddie

Irmão mais velho de Eddie Murphy, fez carreira no cinema e teve incursões esporádicas na música, mas foi principalmente enquanto integrante do Chappelle's Show que se tornou um comediante reconhecido.

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Reuters/LUCAS JACKSON

Crescer na sombra de um irmão que é uma estrela global não é fácil. Conseguir o seu espaço e reconhecimento quando se decide seguir o mesmo percurso artístico, será mais difícil ainda. Mas foi isso que fez Charlie Murphy, irmão mais velho de Eddie Murphy, que, no final de década de 1980, iniciou uma carreira no cinema e na comédia que, não tendo atingido o protagonismo de Eddie, lhe reservou um espaço na história do entretenimento americano. Charles Murphy, recordado principalmente pela presença no Chappelle’s Show de David Chappelle, morreu esta quarta-feira num hospital em Nova Iorque, vítima de leucemia, anunciou o agente Domenick Nati. Tinha 57 anos.

Depois de vários anos passados ao serviço da Marinha americana, Charlie Murphy começou pouco a pouco a singrar no meio artístico americano, apoiado pelo irmão e pelas portas que o estatuto deste permitia abrir. O seu primeiro grande momento no cinema chegaria em 1993, quando interpretou Gusto na comédia CB4, sobre um grupo ficcional de hip hop e onde encontrávamos também Chris Rock. Antes disso, já tivera uma incursão, esta real, no mundo da música, enquanto produtor executivo dos K-9 Posse, duo hip hop de vida curta que, em 1988, se estreou com um álbum homónimo em cujo alinhamento encontrávamos duas composições suas, Somebody’s brother e Say who say what.

Charlie Murphy colaborou com o irmão nos filmes Vampiro em Brooklyn (1995), Paper Soldiers (2002) e Norbit (2007) contribuindo para a escrita dos respectivos argumentos (e surgindo em ecrã, no último, dando voz a uma personagem canina). Ganharia verdadeiro espaço, enquanto comediante, quando surgiu no programa de David Chappelle, Chappelle’s Show, emitido pela Comedy Central entre 2003 e 2006. Nele, protagonizava Charlie Murphy’s True Hollywood Stories, em que contava histórias dos seus encontros com figuras do mundo do espectáculo. Em 2009 criou uma webserie, Charlie Murphy’s Crash Comedy e, um ano depois, a Comedy Central emitiu o especial Charlie Murphy: I Will not Apologize. Nos últimos, vimo-lo na série da Adult Swim Black Jesus.

À notícia da sua morte sucederam-se mensagens de condolências e de homenagem de figuras da música e do cinema. De Ice Cube a Spike Lee, de 50 Cent a The Weeknd, de Chris Rock a Nas, muitos foram os que lhe elogiaram o talento para o humor.

Na madrugada de terça-feira, poucas horas antes da morte, publicou o seu último tweet: “Liberta o passado para descansar o mais profundamente possível”. Em 2010, dizia numa entrevista, citada no obituário do New York Times: “Feitas as contas, quando Charlie Murphy já não estiver aqui, terei deixado um corpo de obra que fará as pessoas rir e pelo qual me recordarão”.

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