Ministro da Cultura vai ser ouvido no Parlamento por causa do vandalismo em Foz Côa

O requerimento para a audição de Luís Filipe de Castro Mendes, apresentado na semana passada pelo PCP, foi aprovado esta terça-feira.

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Ministro da Cultura Manuel Roberto

O ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, vai ser ouvido no Parlamento sobre os recentes actos de vandalismo, nas gravuras rupestres do Parque Arqueológico de Côa, durante a próxima audição regimental na comissão de Cultura, em Junho.

O requerimento para a audição de Luís Filipe de Castro Mendes, apresentado na semana passada pelo PCP, foi aprovado esta terça-feira, pela comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, embora o calendário de audições ainda não esteja definido, como adiantou à Lusa a assessora do grupo parlamentar do PCP, Paula Barata.

Além do ministro da Cultura, deverão ser também ouvidos no Parlamento, sobre a situação no Coa Parque, a Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), o Conselho Internacional de Museus (ICOM), a Comissão de Trabalhadores da Fundação Côa Parque e a Associação dos Arqueólogos Portugueses.

A Fundação Côa Parque deu a conhecer, no final de Abril, um "inqualificável" atentado contra uma das rochas do parque arqueológico, na qual está representada uma figura humana com cerca de 15 mil anos, classificada como Património Mundial desde 1998.

"Fomos surpreendidos com a descoberta de novíssimas gravações de uma bicicleta, de um humano esquemático e da palavra 'BIK', directamente sobre o conhecidíssimo conjunto" em que se encontra "o famoso 'Homem de Piscos', a mais notável das representações antropomórficas paleolíticas identificadas no Vale do Coa", disse à Lusa, na altura, o director do parque arqueológico, António Baptista.

Conhecidos os actos de vandalismo - que o ICOMOS comparou à destruição da Gioconda, de Leonardo da Vinci - tanto a Comissão Portuguesa do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios como a Associação dos Arqueólogos Portugueses mostraram indignação pelo "criminoso atentado" e reclamaram a intervenção directa do Ministério da Cultura, para repor a vigilância no local.

Quando foram conhecidos os actos de vandalismo, a Lusa questionou o ministro da Cultura sobre a falta de segurança do parque, tendo Luís Filipe de Castro Mendes referido que "toda a gente" se queixa de falta de vigilância, admitindo porém que, se dissesse que está tudo bem, estaria a ser "incorrecto".

"Vivemos anos de cortes brutais em todas as estruturas da Cultura, seria impossível que, num ano, estivesse tudo remediado", considerou.

"Isto mostra a vantagem de termos uma nova estrutura que está praticamente pronta, a fundação está constituída, os estatutos estão aprovados, estão nomeados os representantes dos vários ministérios e, agora, vamos entrar a trabalhar muito seriamente a partir do fim deste mês".

No início de Abril, com a aprovação dos novos estatutos, o Governo estendeu aos ministérios da Ciência, do Turismo e do Ambiente, assim como à autarquia local e à Associação de Municípios do Vale do Côa, a representação na fundação Coa Parque, aguardando-se ainda a constituição do conselho de administração.

 

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