Mil milhões de euros só para o património? Sim, é o maior investimento na história da Itália

Orçamento para a área da cultura tem crescido substancialmente com o novo governo.

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Uma das seis casas restauradas em Pompeia já durante o mandato do actual governo AFP

O governo italiano anunciou esta semana que vai investir mil milhões de euros a restaurar e a lançar novos projectos em 33 museus, monumentos e sítios arqueológicos em todo o país. Um deles será em Pompeia, a cidade romana soterrada pelo Vesúvio que se tornou notícia regular nos últimos anos pelo seu deplorável estado de conservaçãoreceberá agora 40 milhões.  

O ministro da Cultura, Dario Franceschini, anunciou no início da semana o plano como “a maior operação no património cultural da história da República [desde 1946]”, relataram as agências.

É uma grande alteração na política cultural italiana, querendo o governo de Matteo Renzi enfrentar o estado degradado de algum património que tem causado inúmeros embaraços. Comparado com 2015, o orçamento do Ministério da Cultura conheceu um crescimento de 27 % em 2016, ultrapassando os dois mil milhões de euros.

Desde 2013, ainda durante o governo de Enrico Letta, que o Ministério da Cultura ganhou a área do turismo, e se passou a chamar Ministério dos Bens e das Actividades Culturais e do Turismo. O actual ministro da Cultura era, aliás, responsável pelo coordenação política no governo anterior, e afirma que se o governo Letta conseguiu estancar a queda dos fundos para a Cultura, foi só com Renzi que o crescimento na área foi retomado. 

A campanha “um bilião para a cultura”, que se prolonga até 2020, dará o necessário impulso a projectos que têm sido atrasados ou ficaram na gaveta nos últimos anos por falta de meios, disse o ministro. A Pinacoteca de Brera, em Milão, verá avançar a sua muito esperada expansão de 40 milhões de euros. "É a prova de que este governo acredita numa cultura que participa no crescimento",  diz Franeschini, sublinhando "o salto enorme" em termos de investimento. 

Depois do investimento de 18 milhões de euros do Ministério da Cultura no ano passado, as galerias Uffizi recebem mais 40 milhões para acabar um vasto projecto de modernização do famoso museu de Florença num plano datado já dos anos 60. Um dos objectivos do investimento é abrir o corredor de Vasari, que passa sobre o rio Arno, uma ideia que começou na década de 90. Neste momento, só pode ser visitado através de marcações especiais.

Um dos maiores investimentos será na prisão circular da Ilha de Santo Estevão, construída no século XVIII e abandonada desde os anos 60, e que receberá 70 milhões. 

A parte mais substancial da verba irá para o Sul de Itália, mais exactamente para Nápoles e para a região da Campânia. O Museu Arqueológico Nacional de Nápoles receberá 20 milhões para melhorar os seus espaços expositivos e acessos, enquanto o Museu de Capodimonte conseguiu 30 milhões para também investir na apresentação das colecções.

O Palácio Real de Caserta (Reggia di Caserta), mandado construir pelos Bourbon, reis de Nápoles, no século XVIII, terá um restauro de 40 milhões, envolvendo o edifício e o parque. Os sítios arqueológicos da região terão também um grande investimento: além dos 40 milhões de Pompeia, serão 25 milhões para os Campos Flégreos, 20 milhões para Paestum e 10 milhões para Herculano.

O governo de Renzi introduziu uma nova lei, chamada Art Bonus, que dá um crédito fiscal de 65% aos privados e empresas que façam doações para o restauro do património cultural público, para as actividades dos museus ou dos teatros lirico-sinfónicos. O ministro Dario Franceschini deu também autonomia financeira a uma série de museus nacionais, tendo lançado concursos internacionais para as suas direcções.

 

 

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