Maria Balshaw está prestes a ser uma das mulheres mais poderosas da arte europeia

Directora da Cultura de Manchester deverá vir a substituir Nicholas Serota à frente do universo Tate. Só falta Theresa May dizer que sim.

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Maria Balshaw em 2015 quando Whitworth recebeu o prémio de melhor museu do ano Tim P. Whitby/Getty Images for The Art Fund

Ainda falta a aprovação da primeira-ministra britânica, mas tudo indica que será Maria Balshaw, a mulher que está por trás da revitalização cultural de Manchester, a próxima directora da galáxia Tate. Desde Setembro, altura em o histórico Nicholas Serota anunciou que renunciava ao cargo depois de quase três décadas de serviço, que esta comissária e académica formada em literatura é dada como favorita na corrida, lembra a imprensa britânica.

A escolha de Maria Balshaw, 46 anos, para o lugar deixado vago por Serota, uma das figuras de maior influência no circuito da arte britânica e, por isso, europeia, foi já comunicada por carta ao Governo pelos administradores da Tate, noticia o diário The Times esta quarta-feira, citando uma fonte próxima do processo, sem a nomear. O anúncio formal aguarda agora o mais que provável “sim” de Theresa May, a chefe do Executivo.

É o editor de arte da BBC, Will Compertz, quem compara este período de espera pela aprovação da primeira-ministra a uma substituição durante um jogo de futebol: o árbitro já foi informado do nome do jogador que vai entrar, o substituto já fez o aquecimento e aguarda com ansiedade e o que vai ser substituído espera que o chamem a qualquer momento, contudo, “nada acontece até que o árbitro acene em sinal de consentimento”. E é precisamente com base na metáfora desportiva que Compertz sugere: “Continua a fazer alongamentos, Maria. A primeira-ministra está à espera de uma pausa no jogo.”

No artigo que dedica à ainda hipotética nomeação o diário The Guardian lembra que Balshaw tem dirigido o Whitworth, museu com uma importante colecção de arte ligado à Universidade de Manchester, desde 2006, assumindo em 2011 a coordenação de todas as galerias p blicas da cidade e tornando-se, três anos mais tarde, a responsável cultural do município.  Foi precisamente pela modernização do Whitworth – um ambicioso projecto de 15 milhões de libras (17,3 milhões de euros) que se traduziu num dramático aumento do número de visitantes e no prémio de Museu do Ano 2015 – e pela revitalização cultural de Manchester que a comissária era dada como favorita entre os seis candidatos ao cargo de sir Nicholas Serota, que assume já em Fevereiro a presidência do Arts Council England, organismo encarregue de aplicar as políticas públicas no apoio e desenvolvimento das artes em Inglaterra (há entidades congéneres na Escócia e no País de Gales).

Se for efectivamente nomeada, Maria Balshaw vai liderar uma organização que tem dois importantes pilares – a Tate Britain, museu que guarda uma das grandes colecções de arte britânica do país, a começar em 1500, e a Tate Modern, o mais recente dos quatro museus que compõem o universo Tate, que abriu em 2000 e rapidamente se transformou numa das mais importantes galerias de arte moderna e contemporânea do mundo. Os outros dois pólos são a Tate St. Ives (exibe arte moderna britânica) e a Tate Liverpool (verdadeiro instrumento de descentralização que mostra obras das colecções das outras três galerias).

Na melhor das hipóteses, a nomeação de Maria Balshaw deverá ser oficializada na próxima semana.

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