José Manuel Pedreirinho: "Os problemas resultam do grande aumento do número de arquitectos"

José Manuel Pedreirinho, candidato da Lista A à presidência da Ordem dos Arquitectos, responde ao inquérito do PÚBLICO.

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José Manuel Pedreirinho é o candidato pela Lista A dr

José Manuel Pedreirinho, 66 anos, tem atelier em nome próprio em Lisboa, e foi director da Arca (Escola Universitária das Artes de Coimbra). É candidato pela Lista A à presidência da Ordem dos Arquitectos, cujas eleições são esta sexta-feira.

Quais os principais problemas da profissão, hoje, e qual o papel da Ordem na sua abordagem?

Os principais problemas que se colocam actualmente aos arquitectos são o resultado do grande aumento do seu número, a par com a significativa crise económica que se tem vivido nos últimos anos e se reflectiu numa drástica redução da encomenda pública e privada, mas são também a consequência do escasso reconhecimento muitas vezes dado ao trabalho de uma classe que tem, sistematicamente, assistido à usurpação das suas competências específicas por parte de outros profissionais.

A resolução da crise económica está para além da capacidade da OA, mas há toda uma série de tarefas onde pode ter um papel determinante, desde logo como parceiro no estabelecimento de um diálogo com os vários orgãos de soberania, do governo às autarquias, para corrigir distorções que se verificam com os actuais critérios exclusivamente economicistas da encomenda, até ao acompanhamento de toda a adequação das normativas europeias à legislação nacional.

Há ainda problemas que cabem exclusivamente à acção da OA desde a criação de mecanismos de proteção social social para os seus membros, até à tomada de posição pública sobre múltiplos assuntos que afectam a profissão.

A reabilitação urbana está na agenda económica do governo e da sociedade. Como é que isso se reflecte na arquitectura e na profissão?

A reabilitação urbana foi de facto durante muitos anos um tema esquecido, não por culpa dos arquitectos, mas por manifesto desinteresse das autoridades e agentes económicos.

Neste momento este é sem dúvida um dos campos de actividade em maior desenvolvimento e onde a actividade dos arquitectos mais se tem feito notar, mas onde subsistem ainda muitas distorções, como as introduzidas pelo DL 53/2014 que estabelece um regime de isenções e excepcionalidades, reduzindo a participação dos arquitectos e representa um claro retrocesso na qualificação do património edificado.

De fora do desejável acompanhamento e controle dos trabalhos ficam assim inúmeros projectos, e carecemos ainda de uma planificação cuidada e capaz de definir orientações para vastas zonas das nossas cidades e seus tecidos históricos.

Sem esses cuidados corremos o risco de transformar estes territórios em novas periferias e guetos sociais, e também aqui a Ordem dos Arquitectos tem um papel a desempenhar.

Como se pode abrir/facilitar o acesso à profissão por parte dos arquitectos mais jovens?

O acesso dos mais novos a uma profissão com tantos sintomas de crise, é, naturalmente, um dos problemas que mais nos preocupa e onde sabemos existirem situações de exploração e precarização do trabalho de grande injustiça, e que sendo do conhecimento da OA devem ser objecto de uma rigorosa intervenção do Conselho de Disciplina.

Propomo-nos ainda alargar o âmbito em que podem ser feitos os actuais estágios e em criar uma bolsa de tutores para permitir o seu acompanhamento. Procuramos assim criar as condições necessárias ao acesso a um número alargado de candidatos.

Propomos ainda a disponibilização de uma linha de microcrédito protocolado para facilitar o início da actividade, bem como incrementar o acesso a diversos mecanismos de apoio à internacionalização acessiveis na Comunidade Europeia e que através da Ordem dos Arquitectos poderão assim ser disponibilizados.

 

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