Iñárritu histórico: venceu duas vezes seguidas a Guilda dos Realizadores

Nunca antes um realizador fora distinguido duas vezes consecutivas nestes prémios que são tidos como o barómetro mais fiável para os Óscares.

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O realizador mexicano ganha destaque na corrida aos Óscares AFP

Tinha tanto a favor como contra. Desde que esta época de prémios que antecede os Óscares arrancou que Alejandro González Iñárritu se tem destacado com o seu The Revenant: O Renascido, protagonizado por Leonardo DiCaprio. O realizador mexicano era, por isso, apontado como o favorito aos prémios da Guilda dos Realizadores, entregues sábado à noite em Los Angeles, mas tinha contra si o facto de ter sido premiado com Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) há precisamente um ano. É que ninguém tinha ganho este prémio em dois anos consecutivos… Até agora.

Para os seus pares, Alejandro González Iñárritu, de 52 anos, é novamente o melhor, posicionando-se o realizador num lugar privilegiado na corrida aos Óscares, cuja cerimónia acontece já no final do mês, a 28 de Fevereiro. Não só a Guilda dos Realizadores é um barómetro fiável para os prémios mais desejados do cinema, como Iñárritu acaba de fazer história, ao tornar-se no primeiro realizador a ser premiado duas vezes consecutivas por este sindicato.

O feito obrigou até a Guilda dos Realizadores a alterar uma pequena regra na sua cerimónia. Tradicionalmente, são os vencedores do ano anterior que entregam o prémio, mas como Iñárritu estava novamente nomeado a organização chamou Tom Hooper, distinguido em 2011 com O Discurso do Rei. The Revenant: O Renascido estava nomeado com O Caso Spotlight, de Tom McCarthy, A Queda de Wall Street, de Adam McKay, Mad Max: Estrada da Fúria, de George Miller, e Perdido em Marte, de Ridley Scott.

Segundo o Hollywood Reporter, quando Hooper anunciou os nomeados, a maior ovação ouviu-se quando o nome do quarto filme da saga de George Miller foi pronunciado, mas o prémio acabou entregue a The Revenant: O Renascido, que concorre aos Óscares em 12 categorias. Na hora dos agradecimentos, Iñárritu não escondeu as lágrimas e a surpresa. À semelhança do que já tinha feito no ano passado nos prémios da Academia de Ciências Cinematográficas, quando conquistou as estatuetas para Melhor Realizador e Melhor Filme, Iñárritu dedicou o prémio ao país em que nasceu, mas também à comunidade mexicana que vive nos EUA. “Este abraço que vocês me estão a dar hoje vai para um país inteiro, vai para toda a comunidade latino-americana deste país. As pessoas que vivem aqui contribuem imenso para este país”, disse o realizador, num momento em que Hollywood discute a falta de diversidade na sua indústria.

“Estou emocionado, sinto-me extremamente sortudo e, mais do que tudo, extraordinariamente agradecido”, acrescentou o realizador, prestando ainda homenagem ao seu pai, que morreu há dois anos.

The Revenant: O Renascido, o drama biográfico que conta a história de Hugh Glass, um caçador e explorador deixado à sua sorte depois de ter sido atacado por um urso, na década de 1820, e que se vê numa luta desesperada pela sobrevivência, tem também colocado DiCaprio em destaque na corrida para os Óscares. Será desta que o actor norte-americano sai da gala premiado? Tudo parece indicar que sim, principalmente depois de na semana passada ter conquistado o prémio da Guilda dos Actores. O filme é uma adaptação do livro The Revenant: A Novel of Revenge, escrito por Michael Punke em 2002.

Já em Janeiro, a obra de Iñárritu se tinha distinguido nos Globos de Ouro com três estatuetas (Melhor Realizador, Melhor Filme Dramático e Melhor Actor Dramático).

O prémio da Guilda dos Realizadores é um dos mais importantes na indústria e raramente um realizador aqui escolhido não leva depois o Óscar. Em 68 anos de história, só sete vezes é que tal não sucedeu. Por outras palavras: a Guilda dos Realizadores acertou no realizador nada mais nada menos do que 61 vezes. E só 14 vezes é que não acertou também no Óscar de Melhor Filme.

Não deixa de ser interessante perceber, no entanto, que a indústria tem dividido os seus prémios. Se a Guilda dos Realizadores considerou The Revenant: O Renascido o Melhor Filme, a Guilda dos Actores escolheu O Caso Spotlight, enquanto a dos Produtores premiou A Queda de Wall Street.

Os realizadores distinguiram ainda o norte-americano Matthew Heineman com o documentário Cartel Lan, também nomeado nesta categoria para os Óscares, e o britânico Alex Garland com Ex-Machina, levou para casa o prémio de Melhor Primeiro Filme.

Na televisão, Guerra dos Tronos brilhou como série dramática, nomeadamente David Nutter com o episódio Misericórdia de Mãe, com o qual já tinha conquistado os Emmys. Na Comédia foi Veep a série premiada (Chris Addison com o episódio Election Night). 

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