Serralves vai apresentar em 2015 a maior retrospectiva de sempre de Helena Almeida

Parque iluminado para visitas nocturnas no Verão, a artista marroquina Yto Barrada na Casa e, a destacar-se na rentrée do Museu, a maior exposição de sempre de Helena Almeida são exemplos que confirmam a aposta de Suzanne Cotter em rentabilizar os vários espaços de Serralves.

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Exposição de Helena Almeida em Serralves em 2004 DR
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Uma antológica das obras escultóricas da artista polaca Monika Sosnowska, a inaugurar em Fevereiro, e aquela que promete ser a mais completa retrospectiva alguma vez dedicada à artista portuguesa Helena Almeida, agendada para Outubro, são as duas principais exposições individuais que o Museu de Serralves irá acolher em 2015.

A programação foi apresentada esta quinta-feira pela directora do museu, Suzanne Cotter, que destacou ainda, entre outros momentos que irão marcar o próximo ano em Serralves, a exposição Forma Aberta, que abrirá a 30 de Janeiro e constituirá a primeira apresentação em Portugal da obra do arquitecto, urbanista e pedagogo polaco Oskar Hansen (1922-2005), cuja teoria da “forma aberta” teve impacto não apenas na arquitectura e  urbanismo do pós-guerra, mas também nas artes plásticas e no cinema polacos. Cotter salientou as ligações que se podem estabelecer entre os trabalhos e conceitos de Hansen e a exposição de Monika Sosnowska, sintomaticamente intitulada Architectonisation, que foi concebida em diálogo com a arquitectura do museu desenhado por Álvaro Siza. Ambas as exposições irão manter-se até Maio.

Numa programação que aposta fortemente em novos modos de mostrar a colecção de Serralves, mas também numa rentabilização mais intensiva dos jardins, do parque e da casa, o projecto Pode o museu ser um jardim? ilustra bem esta dupla estratégia. Trata-se não apenas de explorar a relação entre o museu e o seu espaço exterior (designadamente através das representações do jardim e da paisagem no próprio acervo do museu), mas também, como afirmou Cotter, de pensar o próprio museu como um jardim. Usando a colecção, mas também peças propositadamente “plantadas” para o efeito, esta é uma exposição que se irá alterando sazonalmente, tal como um jardim exposto às estações do ano.

Em Maio abrirá ainda uma exposição em torno do grupo KWY, que agregou artistas como Lourdes Castro, René Bertholo, João Vieira, José Escada, Costa Pinheiro ou o búlgaro Christo, e que foi responsável pela publicação em Paris, nos anos 50 e 60, da revista artística e literária KWY. Face à grande exposição dedicada ao grupo que esteve patente em 2001 no Centro Cultural de Belém, esta mostra diferencia-se pela focagem nas obras da colecção de Serralves, mas também pelo modo como tentará sublinhar os cruzamentos do KWY com outros movimentos artísticos da época.

O desejo de trazer a Casa de Serralves para a programação do museu terá a sua manifestação mais importante na exposição que a fotógrafa, videasta e escultora marroquina Yto Barrada ali inaugurará em Junho. Crítica da crescente homogeneização das cidades, e do progressivo desaparecimento dos seus espaços públicos, a artista tem nos jardins, e na botânica em geral, um dos seus tópicos recorrentes.  

No domínio das exposições, Junho trará ainda Sob as nuvens: da paranóia ao sublime digital, uma mostra comissariada pelo director adjunto do museu, João Ribas, uma visão da segunda metade do século XX enquanto período limitado no tempo por duas nuvens: a do cogumelo da bomba atómica e a cloud das redes digitais de armazenamento de informação. Cotter acha que têm faltado à programação de Serralves mais exposições deste tipo, que “exploram uma ideia”, e mostrou a intenção de atenuar esta lacuna nos próximos anos.

Na rentrée, o destaque vai para a já referida retrospectiva de Helena Almeida, Corpus, que percorrerá a obra da artista desde a década de 60 – mostrando pinturas desses anos que raramente foram exibidas – até ao presente. A exposição abre a 15 de Outubro e prolongar-se até meados de Janeiro de 2016.

Os Projectos Contemporâneos, um programa ensaiado pela primeira vez este ano, dará visibilidade em 2015 aos trabalhos da jovem realizadora portuguesa Salomé Lamas e à obra do músico, cineasta e pintor norte-americano Harry Smith (1923-1991).

Insistindo na ideia de que o Museu de Serralves não tem programa paralelo, e que a programação é só uma e interdisciplinar, Cotter, auxiliada por alguns dos responsáveis sectoriais, resumiu ainda os principais projectos em áreas como a dança – realce para o regresso da coreógrafa grega Alexandra Bachzetsis e para o projecto A Catalogue of Steps, da coreógrafa DD Dorvillier –, a música, ou o cinema.

Também o programa de Ambiente, Ecologia e Paisagem, a cargo do responsável do Parque de Serralves, João Almeida, propõe, para lá das iniciativas habituais, algumas novidades prometedoras, como o projecto Há luz no Parque. Sendo 2015 o ano internacional da luz, Serralves celebrará a efeméride convidando o seu público para visitas nocturnas ao parque, que estará artisticamente iluminado durante todo o mês de Julho.

E em Novembro, a pretexto dos 150 anos da Exposição Internacional do Porto de 1865, para a qual foi erguido o desaparecido Palácio de Cristal, Serralves promove a conferência internacional Indústria, progresso e paisagem, que abordará o impacto destas exposições mundiais – desde a de Londres, em 1851, até à de 1937 em Paris – nas sucessivas renovações da arte de desenhar jardins.

 

 

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