Fora de tempo

Horas Decisivas é uma fita à moda antiga, sem pretensões a reinventar a roda.

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Horas Decisivas: fórmula rodada mas eficaz

É sempre agradável dar de caras com um filme que, pelo meio da espectacularidade da premissa e dos efeitos visuais para “encher o olho”, não se esquece que uma história precisa de personagens para chegar ao espectador. Horas Decisivas, relato de um salvamento verídico feito nos anos 1950 ao largo do Massachusetts por uma tripulação inexperiente da Guarda Costeira, passa a primeira meia-hora a explicar quem são as suas personagens, de onde é que vêm, o que as faz mexer.

Essa aposta no “factor humano” torna o filme de Craig Gillespie (Lars e o Verdadeiro Amor, 2007) numa espécie de versão moderna (algo desnecessariamente “quitada”) das velhas séries B dos “programas duplos”, populada por actores de composição como Casey Affleck, Ben Foster ou John Ortiz. Horas Decisivas refugia-se muito rapidamente nos lugares-comuns do heroísmo abnegado; a dimensão procurada de filme-catástrofe, com um par de cenas notáveis e intensas no alto mar, nunca consegue elevar o todo acima de uma modéstia simpática e operária. Mas é precisamente por não querer reinventar a roda, por se conformar a uma fórmula rodada mas eficaz, sem ambições desmesuradas nem desvios autorais, que Horas Decisivas se ganha e se torna num caso singular na paisagem actual do cinema americano: é um filme como já não se faz, “fora de tempo” no que de melhor e pior isso traz.

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