Festival de Salzburgo lança mensagem de paz numa Europa em crise

Óperas de Mozart e Richard Strauss, além da adaptação cénica de O Anjo Exterminador de Buñuel no programa, que decorre até 31 de Agosto.

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Cena da ópera de Richard Strauss, O Amor de Dánae BARBARA GINDL/ AFP

Ainda que o programa tenha já começado no dia 22 de Julho, foi quinta-feira que a estreia mundial da ópera O Anjo Exterminador, baseado no clássico filme homónimo de Luís Buñuel, de 1962, marcou verdadeiramente o início do 96.º Festival de Salzburgo, que vai decorrer até 31 de Agosto.

Antes da estreia da obra composta pelo britânico Thomas Adès, a presidente do festival, Helga Rabl-Stadler, deixou uma mensagem de paz para os tempos conturbados que a Europa actualmente vive. “Este festival nasceu como um projecto de paz, quando a I Guerra Mundial atingia o auge. Os acontecimentos eram então bem piores do que aqueles com que nos confrontamos hoje. Assim, a sua missão deverá ser trazer um bálsamo para a nossa alma neste período sombrio”, disse a presidente, Helga Rabl-Stadler, citada pela AFP.

Imaginado em 1917, por Max Reinhardt (1873-1943), o Festival de Salzburgo haveria de nascer três anos depois, acabada já a guerra, com a adaptação ao palco, por aquele encenador austríaco, de um conto moral de Hugo von Hofmannsthal (1874-1929), a quem se deveu, também, a elaboração do projecto do evento. Diferentemente do Festival de Bayreuth, na vizinha Baviera, que nessa altura, e desde há décadas, se vinha já ocupando exclusivamente das óperas de Richard Wagner, Salzburgo foi acolhendo progressivamente, ao longo dos anos 20, o teatro, a música e a ópera. Hoje, continua a ser um festival ecléctico, e a programação deste ano terá perto de 200 espectáculos destes diferentes géneros.

Além da estreia de O Anjo Exterminador – em cujo elenco pontuam nomes como Anne Sofie von Otter, Amanda Echalaz, Sally Matthews, Charles Workman ou Thomas Allen –, os primeiros dias do festival foram também marcados por especiais medidas de segurança, com um número inusitado de polícias e um controlo muito apertado das entradas no Palácio dos Festivais – inaugurado em 1960, quando a grande figura de Salzburgo era o maestro Herbert von Karajan (1908-1989).

Segundo a AFP, ao longo do festival estão previstas, além da elite económica e social austríaca, as presenças de diferentes personalidades políticas do país, como o chanceler Christian Kern e o ex-Presidente Heinz Fischer.

No que diz respeito ao programa, outros acontecimentos serão a estreia de uma outra adaptação de Thomas Adès, A Tempestade, de Shakespeare, e O Amor de Dánae, ópera composta por Richard Strauss durante a II Grande Guerra, e estreada em Salzburgo em 1944.

Lugar de destaque, como habitualmente, na programação terão as óperas compostas por um filho ilustre da cidade, W.A. Mozart, como As Bodas de Fígaro, Don Giovanni e Cosi Fan Tutti, num calendário que será o último programado pelo director Sven-Eric Bechtolf, que termina no final do Verão o mandato iniciado em Salzburgo em 2012.

 

 

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