Famílias felizes

O confronto de uma família refugiada do Sri Lanka com os subúrbios parisienses resulta num filme inteligente mas desequilibrado.

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Dheepan é um daqueles objectos “entre” uma coisa e outra. Não se pode exactamente dizer que é um mau filme, mas ao mesmo tempo percebe-se que no exacto momento em que podia “disparar” para o patamar seguinte fica ali a voar em círculos; a história de uma “falsa” família composta por refugiados do Sri Lanka em busca de paz no exílio em França, que acaba por se tornar numa “verdadeira” família quando confrontada com os problemas internos dos subúrbios, é o melhor que existe no filme de Jacques Audiard. Mas a integração desse drama atento e inteligente com elementos do filme policial está longe de ser tão eficaz como foi em De Tanto Bater o Meu Coração Parou, que é nitidamente o filme de Audiard com o qual Dheepan tem mais em comum (quer na ideia de família, quer no modo como família e sociedade lutam entre si).

Dheepan passa o tempo em fintas que ora avançam ora recuam, ora funcionam ora são tiros no pé, e duvidamos seriamente que a última meia-hora de filme surta o efeito necessário – mas essas dúvidas não invalidam quer a seriedade do projecto quer a inteligência com que é maioritariamente realizado.

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