Exposição colectiva em Lisboa mostra O Almoço do Trolha de Júlio Pomar

Atelier-Museu Júlio Pomar acolhe exposição comissariada por Hugo Dinis, reunindo obras sobre os temas da perda, da decadência e da precariedade.

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O Almoço do Trolha é um trabalho do final dos anos 1940 DR
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Júlio Pomar Nuno Ferreira Santos

A pintura O Almoço do Trolha, de Júlio Pomar, considerada um ícone do movimento neo-realista português, é uma das obras que integram a exposição colectiva do atelier-museu do artista, em Lisboa, a ser inaugurada esta quinta-feira, às 18h00.

A exposição resulta da proposta curatorial que venceu a 2.ª edição do Prémio Atelier-Museu Júlio Pomar/EGEAC (Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural) 2016, intitulada Estranhos dias recentes de um tempo menos feliz, de autoria de Hugo Dinis.

A mostra reúne obras de vários artistas, e Júlio Pomar está representado com O Almoço do Trolha (1946/50), pintado durante um período em que esteve preso no Forte de Caxias, e Subúrbio I (1948).

Também inclui obras de André Romão, Carlos Bunga, Igor Jesus, Joana Bastos, João Leonardo, João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira, Pedro Barateiro e Rodrigo Oliveira.

Num texto de Hugo Dinis sobre o projecto, o curador explica que as obras apresentadas na exposição Estranhos dias recentes de um tempo menos feliz têm em comum "a nostalgia da perda, da decadência e da precariedade". O curador enquadra esta ideia na situação sócio-económica portuguesa, assinalando que os "dados actuais apontam para o aumento da pobreza", mas, por outro lado, "as elites económicas não parecem carecer do mesmo problema de falta de consumo".

"Será digno e solidário referir que a história contemporânea foi de igual modo difícil para todos? Ou será preferível não assumir que o sacrifício e as dificuldades são sempre (ou quase sempre) suportados pela população sem expressão para que continuem nas franjas das sociedades?", questiona Hugo Dinis. "Ao multiplicar os pontos de vista sobre a catástrofe, estas obras revelam a impossibilidade de salvação", conclui o curador nascido em Lisboa, em 1977, licenciado em Pintura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e com uma pós-graduação em Estudos Curatoriais.

As outras obras presentes na exposição são: de André Romão, O Inverno do nosso descontentamento (2010) e Para um teatro pobre (2010); Carlos Bunga, S/título (modelo) (2007); Igor Jesus, POV (2015); Joana Bastos, Next money income (2007); João Leonardo, Untitled (Table) (2010/11); João Pedro Vale, Heróis do mar (2004) e Coragem portugueses, só vos falta serem grandes (2010); João Pedro Vale & Nuno Alexandre Ferreira I can hold it, I'm portuguese! #2 (2017); Pedro Barateiro, The current situation (2015); e Rodrigo Oliveira, Mau tempo no canal (2004).

A exposição vai ficar patente no Atelier-Museu Júlio Pomar até 21 de Maio. 

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