Eles e nós

Os americanos são, regra geral, melhores a fazer de ingleses do que os ingleses, escoceses e galeses a fazer de americanos.

estava à espera de odiar a quarta temporada de House of Cards, mas, como sempre acontece, dei comigo a saltar de episódio em episódio até chegar ao décimo terceiro, que amaldiçoei por ser o último. A Netflix já garantiu que haverá mais... em 2017. Mais um ano inteiro!

A quarta temporada foi mais disparatada, mas mais divertida do que a terceira. A série está agora totalmente independente da série original inglesa, que era muito mais cínica e sardónica. Foi americanizada no bom sentido.

Claro que não é um milagre como a comédia Veep do escocês Armando Iannucci em que Julia Louis-Dreyfus é ainda mais magnífica do que Kevin Spacey. Mas é viciante e está muito bem feito.

O americaníssimo Kevin Spacey dirigiu tão bem, durante dez anos, o Teatro londrino Old Vic, que deu cabo de todos os estúpidos preconceitos antiamericanos do teatro inglês. Os americanos são, regra geral, melhores a fazer de ingleses do que os ingleses, escoceses e galeses a fazer de americanos. Logo a começar pelo sotaque: os britânicos são sempre menos convincentes. Mas ambos são muito bons no que fazem e estão cada vez mais juntos.

É pena que nós portugueses não tentemos aproveitar também, pela imensa sorte da associação, a excelência dos brasileiros. O primeiro passo é reconhecer que somos inferiores, mais pequenos e mais preconceituosos. Ser-se mais antigo é a mais corrupta, estúpida e desonesta de todas as justificações. Não se pode colaborar sem humildade. Que comece.  

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