Editora brasileira Cosac Naify anuncia encerramento após 20 anos de actividade

Ainda não há uma data de fecho para a editora de Valter Hugo Mãe e Gonçalo M. Tavares no Brasil.

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Valter Hugo Mãe Adriano Miranda

A editora brasileira Cosac Naify, que publica no país obras dos portugueses Sophia de Mello Breyner, Valter Hugo Mãe e Gonçalo M. Tavares, vai fechar após 20 anos de actividade, anunciou o fundador da empresa Charles Cosac.

Em entrevista ao Estado de São Paulo, Cosac afirmou que a editora tem dificuldades em seguir com o seu perfil e os seus projectos culturais, dirigidos em particular a académicos e leitores ligados à arte.

O actual catálogo da Cosac Naify conta com 1.600 títulos, entre monografias de artistas, clássicos e romances. Além das edições brasileiras de Gonçalo M. Tavares e Valter Hugo Mãe, também a escritora Sophia de Mello Breyner Andresen foi publicada pela editora, com sua obra A Menina do Mar.

Cosac realçou que a actual crise económica, pela qual passa o Brasil, influenciou o panorama que conduziu à decisão, mas não foi determinante para ele.

Citado por O Estado de São Paulo, Charles Cosac afirmou que a editora será fechada, mas não está em processo de falência, e que nunca recuperou o capital que investiu para a sua abertura, em 1996, cerca de 70 milhões de reais (17 milhões de euros).

Ainda não há uma data estabelecida para o encerramento da editora e, segundo um director da empresa, citado pela Folha de São Paulo, esta vai honrar os compromissos já assumidos com clientes e livros seleccionados em editais do Governo. Cada livro será discutido caso a caso.

A editora foi reconhecida por diversos concursos literários.

Na própria noite de segunda-feira, quando foi adiantada a notícia do fecho da editora, Tempo de Espalhar Pedras, de Estevão Azevedo, foi eleito como o melhor livro de 2015, pelo Prémio São Paulo de Literatura.

Entre os finalistas ao Prémio Oceanos de Literatura, sucessor do Prémio Portugal Telecom, estão também quatro livros publicados pela Cosac Naify: o de Estevão de Azevedo, A Desumanização, de Valter Hugo Mãe, Dez Centímetros Acima do Chão, de Flavio Cafieiro, e Ondas Curtas, de Alcides Villaça.

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