E, de repente, no Museu do Palácio, em Pequim, acharam-se 55 mil preciosidades

Não foi exactamente de repente, mas três anos são, de facto, um repente na história milenar da China. Entre 2014 e 2016, os técnicos do museu na capital chinesa actualizaram o inventário da colecção. No final, tinham descoberto mais 55.132 novos objectos para a sua colecção

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A Cidade Proibida, que é hoje o Museu do Palácio recebe anualmente cerca de 14 milhões de visitantes Reuters/CHINA STRINGER NETWORK

Entre 2014 e 2016, os técnicos da Cidade Proibida, em Pequim, mantiveram-se ocupados a actualizar o inventário das preciosidades que contam a história do Império do Meio ao longo dos séculos. Trabalho árduo, tendo em conta o número surpreendente de itens ali existentes. Falamos, afinal, de um milhão e 800 mil objectos – e parte substancial da colecção, recorde-se, foi levada para Taiwan pelos nacionalistas derrotados pela revolução comunista, em 1949.

Três anos depois, a conta está desactualizada. Muito desactualizada. Em três anos, a equipa daquele que foi até à queda da dinastia Qing, em 1912, o Palácio Imperial chinês, recolheu nada menos que 55.132 objectos não catalogados. Perdidos nos recantos do palácio, em corredores esquecidos ou anexos inexplorados, mas principalmente cobertos de pó nos vastos armazéns do espaço, foram recuperadas preciosidades distando milhares de anos entre si, anunciou o director do Museu do Palácio, Shan Jixiang, numa conferência de imprensa que teve lugar a 29 de Março.

Carapaças de tartaruga usadas em cerimónias religiosas durante a dinastia Shang (1046-771 aC), manuscritos do imperador Qianlong (1735-1796), um grande mecenas das artes, porcelanas da dinastia Qing, que dominou a China entre 1644 e 1911, ou essa espantosa colecção de sete mil fotografias, datadas da passagem do final do século XIX para o XX, que permitirá conhecer mais profundamente a vida dos últimos imperadores chineses, em particular de Puyi, o derradeiro imperador Qing, e da sociedade que lideravam.

Os visitantes do museu, que recebe anualmente cerca de 14 milhões de pessoas, podem apreciar uma amostra dos artefactos recuperados na exposição que estará patente numa das salas até 15 de Abril. Depois, os planos dos responsáveis pelo museu passarão por finalizar a catalogação de todo o recheio do palácio e pela respectiva digitalização. Daqui a década e meia, deveremos ter acesso ao catálogo completo publicado. Dimensão? Cerca de 500 volumes. E pouquíssimo do que está nele incluído pode ser considerado mera curiosidade de pouco valor.

Na maior parte dos museus, a colecção pode ser equiparada a uma pirâmide, explicou o director Shan Jixiang, com os itens mais preciosos ocupando o topo, ou seja, a parte mais estreita. Não é assim no Museu do Palácio. Ali, segundo Shan, os artefactos preciosos representam nada menos que 90,3% da colecção.

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