Pedro Rapoula vai dirigir a Feira do Livro de Bogotá

O gestor cultural português inicia funções na próxima segunda-feira.

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Pedro Rapoula, 39 anos, foi um dos 12 candidatos ao cargo e ficou entre os três finalistas, ao lado de um canadiano e de um holandês. Pedro Correa da Silva

O conselheiro cultural da embaixada de Portugal na Colômbia, Pedro Rapoula, foi escolhido para o cargo de director da Feira Internacional do Livro de Bogotá (FILBO) e iniciará funções na próxima segunda-feira, foi esta quarta-feira divulgado.

Pedro Rapoula, 39 anos, foi um dos 12 candidatos ao cargo e ficou entre os três finalistas, ao lado de um canadiano e de um holandês. Desde 2013 tem feito “um trabalho contínuo de divulgação e promoção “da literatura portuguesa na Colômbia, “em grande articulação” com a Feira do Livro, a Câmara Colombiana do Livro, que a organiza, e outros festivais literários, explicou à Lusa. “Este é, por isso, um meio que tenho vindo a conhecer e que sempre me interessou. Conheço a equipa e os intervenientes nestes processos daí que me parecesse natural a candidatura a esta posição”, acrescentou.

Segundo Rapoula, além da FILBO, “a função exige também o acompanhamento de feiras do livro regionais em toda a Colômbia e a organização da presença da Colômbia em feiras internacionais, como Frankfurt [na Alemanha], Guadalajara [no México], Bolonha [na Itália] e todas em que a Colômbia seja país convidado a participar”.

O cargo apresenta “muitíssimos desafios”, considerou.  “A FILBO é, segundo dados oficiais, o segundo maior evento literário da América Latina, só ultrapassado por Guadalajara. Até há bem pouco tempo ocupava a terceira posição, atrás de Buenos Aires, este crescimento deveu-se a um excelente trabalho realizado pela anterior direcção. É, pois, muito desafiante (e inquietante) chegar a uma casa que tem conhecido um enorme desenvolvimento nos últimos cinco anos”, esclareceu.

“O compromisso passa por não defraudar as expectativas dos editores e livrarias que participam na feira e que são um garante da sua qualidade e sucesso, mas também ir ao encontro das expectativas do público que procura encontrar na feira algo com que se possa identificar”.

A FILBO é visitada por mais de 600 mil pessoas durante as duas semanas que decorre e inclui um programa que conta com mais de 1.500 eventos culturais, entre conferências com escritores, lançamentos de livros, encontros de edição, referiu o diplomata. Entre os desafios, “crescer sem perder qualidade é provavelmente o maior deles”, vincou.

Pedro Rapoula, natural de Leiria, foi assessor para a Cultura do ex-Presidente da República Cavaco entre Março de 2006 e Janeiro de 2013. À agência Lusa disse ter já algumas ideias para o certame, mas considerou ser prematuro “falar delas sem que antes conheça bem a dinâmica da ‘casa’.

“É tempo de estudar, mais do que propor. No próximo ano, em 2017, celebram-se os 30 anos da Feira e será, certamente, uma edição especial. Por isso há que conhecer bem a história do evento para o poder projectar no futuro”, afirmou.

Questionado se sob a sua direcção, se fortalecia a presença lusófona na Feira de Bogotá, Pedro Rapoula afirmou que essa presença “tem vindo a crescer desde 2013”, quando Portugal foi o país convidado da FILBO, e que “o interesse da Colômbia pela literatura lusófona tem aumentado, facto que é facilmente comprovável pelo número de traduções que têm sido feitas”.

“Num quadro de conhecidas dificuldades, quer o Instituto Camões quer a Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas não deixaram nunca de olhar para a Colômbia como um lugar especial na promoção dos autores de língua portuguesa”.

“Anualmente participam em festivais literários mais de uma dezena de escritores portugueses. Este ano, por exemplo, participaram no Hay Fest em Cartagena das Índias [no norte da Colômbia] quatro autores, para a 29.ª edição da Feira do Livro estão confirmados seis nomes, e até ao fim deste ano está prevista a presença de mais alguns escritores para o Festival Literário de Medellín”.

“Duvido que haja uma presença assim tão constante e consistente em muitos outros países”, rematou.

Todavia, afirmando que o “coração é português”, mas a “cabeça responde perante a Câmara Colombiana do Livro”, Rapoula disse: “se houver interesse da Feira, e das autoridades de países lusófonos, em aumentar essa presença, a lusofonia estará sempre no meu radar."

Pedro Rapoula, que foi condecorado por Cavaco Silva com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, estudou Relações Internacionais na Universidade de Coimbra e em Bogotá, além de ter estado como conselheiro cultural na embaixada de Portugal, foi responsável pelo Gabinete de Relações Internacionais do Instituto das Artes de Bogotá durante um ano.

 

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