Diálogos ibero-americanos na videoarte: está aí mais um FUSO

Na sua nona edição, o Festival de Vídeo Arte Internacional de Lisboa viaja até à América Latina para alargar as imagens do mundo. E homenageia o brasileiro Paulo Bruscky.

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O brasileiro Paulo Bruscky DR

Abre esta terça-feira na Travessa da Ermida, em Belém, às 22h, mais uma edição do FUSO, este ano integrado no programa de Lisboa 2017 –Capital Ibero-americana de Cultura. Sem se afastar daquele que tem sido o seu mote – confrontar as obras históricas com a produção contemporânea –, o Festival de Vídeo Arte Internacional de Lisboa consagra o seu nono cartaz ao diálogo entre Portugal, Espanha e as Américas Central e do Sul. O brasileiro Paulo Bruscky, artista que vive e trabalha no Recife, será objecto de uma homenagem com a projecção de quatro filmes seminais realizados entre os finais dos anos 70 e o início dos anos 80 (POEMA, Xeroxfilme: LMNUWZ, fogo!, Xerofilme: aépta e VIA CRÚCIS). Considerado um pioneiro da arte conceptual nos anos 60 e da arte postal (com a qual fintou a censura do regime militar), bem como da videoarte e da arte sonora, a partir dos anos 70, Bruscky influenciou a cena artística local, ora mantendo-a em contacto com outras latitudes (correspondeu-se com o grupo Fluxus e com os artistas japoneses associados ao grupo Gutai), ora introduzindo-lhe novos suportes e meios. A descoberta da sua obra inicia-se domingo, dia 27, no Claustro do Museu da Marioneta, a partir das 22h, numa proposta da curadora brasileira Cristina Tejo.

A videoarte portuguesa está representada neste nono FUSO através das propostas de Emília Tavares e de Jean-François Chougnet. A historiadora e curadora do Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) – Museu do Chiado seleccionou trabalhos de Vasco Araújo (Parque temático), Ângela Ferreira (Joal la Portugaise), Pedro Barateiro (Identidade em construção) e Mauro Cerqueira (Leonel), a que se juntam ainda as participações espanholas de Maria Ruído, Lois Patiño, revelado e premiado no Festival de Locarno em 2013, e Pilar Albarracín. A classe dos povos extintos – é este o nome do programa da curadora portuguesa – será exibido na sexta-feira, dia 25, a partir das 23h15, no jardim do Museu Nacional de Arte Antiga. Já o ex-director do Museu Berardo e actual director do Museu das Civilizações da Europa e do Mar Mediterrâneo vai apresentar amanhã às 22h, no jardim do Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT), os trabalhos a concurso na secção competitiva, medindo em pleno espaço público a produção nacional.

Dos restantes programas, saliente-se o de Solange Farkas, curadora-geral do Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil, com vídeos de Ayrson Heráclito, um dos nomeados para o Prémio Novo Banco PHOTO 2015, Andrés Denegri, Cao Guimarães e Enrique Ramírez; e aquele concebido pela directora do Electronic Arts Intermix (Nova Iorque), Lori Zippay (quinta-feira, dia 24, no jardim do MNAC), ensaiando um encontro entre as obras dos brasileiros Anna Bella Geiger e Éder Santos e duas figuras incontornáveis da arte espanhola, nomeadamente pelos percursos que desenvolveram no âmbito da videoarte e da vídeo-instalação, Francesc Torres e Antoni Muntadas. Mas este périplo pelo FUSO não podia encerrar sem a menção aos três filmes da artista e cineasta brasileira Louise Botkay, que no ano passado venceu o Prémio e-flux no Festival de Curtas Metragens Oberhausen (estão na sessão Os afogados, os sobreviventes e o arquiteto, concebida por Lisette Lagnado), e às participações de Gabriel Mascaro, realizador de Boi Neón, que em 2016 passou pelas salas de cinema portuguesas, Jonathas de Andrade, que apresentou a exposição Museu do homem do nordeste na Kunsthalle Lissabon, em Lisboa, e Barbara Wagner e Benjamin de Burca: podem ser vistos este sábado, no Claustro do Museu da Marioneta, no âmbito da curadoria de Cristiana Tejo. Nota final para as propostas dos curadores Pablo León de la Barra (Memorias do SubSalsaDesenvolvimento, com artistas colombianos) e Miguel A. López e Jorge La Ferla, que privilegiam, respectivamente, a videoarte produzida por artistas da América Central e da América Latina.

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