Destapar o Taboo de Tom Hardy, agora na TV

Nova série do AMC estreia-se com negrume e mistério, além de uma estrela do cinema que além de protagonista é também criadora e produtora da história oitocentista.

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Parece obscura, masculina e algo difícil – mas também é uma das séries que mais têm sido honradas com recapitulações e discussões e mesmo algumas piadas nas últimas semanas. Tom Hardy, o actor que em alguns dos seus filmes mais conhecidos só mostrava parte da cara e estava fadado aos resmungos de um vilão da BD ou de um deserto pós-apocalíptico, decidiu que queria “fazer algo diferente e não só mais um drama britânico” na TV, como diz ao PÚBLICO um dos realizadores da nova série Taboo, Kristoffer Nyholm

Nyholm, tal como Hardy, não é novo na televisão. Trabalhou em The Killing, como Hardy trabalhou na minisérie Irmãos de Armas ou em Peaky Blinders. Está agora numa “série que nos permite ser diferentes, [onde] não havia produtores a dizer que queriam mais ritmo” ou a controlar demasiado a sua evolução, explica por telefone sobre a série que o AMC estreia este domingo. Estamos em 1814, a Companhia das Índias é toda uma personagem e James Delaney é um Tom Hardy duro, “que se preocupa com coisas sobre as quais não sabemos muito”, alude o realizador sem adiantar muito mais. Esteve em África, traz consigo jóias e “uma ambição”.

Há diamantes, uma guerra entre os emergentes EUA e o Reino Unido quase a terminar e críticos e espectadores tanto a tentar resolver um mistério quanto a brincar com os (já tradicionais e já quase caricaturais) grunhidos de Hardy. Qual é a sua motivação, o que o faz mexer Tom Hardy, estrela secundária do cinema de Mad Max: Estrada da Fúria, O Cavaleiro das Trevas Renasce ou Inception e O Renascido, rumo à televisão? Procurava e teve “liberdade” numa série que concebeu com o seu pai (Edward "Chips" Hardy) e com Steven Knight (que, por mera curiosidade, sendo argumentista de filmes como Promessas Perigosas é também um dos criadores do concurso Quem quer ser milionário).

Por que é que uma série descrita com termos como “encardido” ou “incompreensível” conquista tanta gente no canal original (primeiro a BBC 1 no Reino Unido, depois o canal FX nos EUA, ambas estreias em Janeiro) e nas discussões entre espectadores? Tem uma estrela de cinema, mais uma que ruma à televisão, e “tem um bom mistério, sendo mais do que um whodunit”, arrisca o realizador sobre o tipo de ficção de mistério em torno de uma pesquisa detectivesca, normalmente focada em descobrir um culpado.

Aqui, trata-se de “uma história que revela tão pouco, que se mostra em ambientes diferentes” consecutivos sem facilitar a vida ao espectador – e, ainda assim, “as pessoas continuaram connosco”, parece congratular-se Nyholm, que divide a realização da série com o correligionário Anders Engström.

O James Delaney de Hardy “é um homem que vos guiará”, diz Kristoffer Nyholm , “mas a viagem não ser fácil”.

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