Depois da surdez de Brian Johnson, o que será dos AC/DC?

O vocalista foi aconselhado a abandonar os palcos, sob risco de surdez total. Foram adiadas dez datas da actual digressão americana. Não se sabe em que moldes decorrerá a europeia, com início marcado para 7 de Maio, em Portugal.

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Brian Johnson e Angus Young no último concerto português, no Estádio José Alvalade, em 2009 NUNO FERREIRA SANTOS

A máquina parecia imparável, mas pode estar em risco de parar. Nos últimos tempos, os AC/DC sobreviveram à perda do guitarrista fundador Malcolm Young, obrigado a abandonar a banda depois do diagnóstico de demência, e do baterista Phil Rudd, envolvido em 2014 num bizarro caso que envolvia posse de droga e planos de assassinato de duas pessoas. O golpe que chegou agora pode ser mais difícil de amparar. “Brian Johnson, o vocalista dos AC/DC, foi aconselhado pelos seus médicos a parar a digressão imediatamente, sob o risco de perda total de audição”, lia-se num curto comunicado emitido pela banda no seu site oficial.

Dez concertos da actual digressão americana foram adiados, com a banda, citada pelo The Guardian, a afirmar que as datas respectivas serão cumpridas mais perto do fim deste ano, “em princípio com um vocalista convidado”. Fica em aberto em que moldes decorrerá a digressão europeia, que tem arranque marcado em Portugal, a 7 de Maio, no Passeio Marítimo de Algés. Até ao momento, a promotora do concerto português, a Everything Is New, não teve qualquer notificação por parte dos representantes da banda quanto a um adiamento ou cancelamento da digressão europeia, ou quanto à possível substituição do vocalista que se juntou aos AC/DC em 1980, ocupando o lugar do falecido Bon Scott. Por agora, e enquanto a banda discute internamente o seu futuro, tudo se mantém como previsto antes de a recomendação médica a Brian Johnson ter sido tornada pública.

Ao contrário do que seria de esperar, não foram os anos passados em palco sob o ruído intenso do rock’n’roll que provocaram o risco de surdez. Foi isso que o vocalista revelou em 2014, no programa do radialista americano Howard Stern. “Tenho perda de audição no ouvido esquerdo. Não aconteceu por causa da música. Tenho-a por me sentar no carro de competição durante demasiado tempo sem tampões. Ouvi o meu tímpano explodir, porque me esqueci de os pôr por debaixo do meu capacete. Foi assim que aconteceu. A música não teve nada a ver com isto”, afirmou.

Enquanto se aguarda a decisão do grupo sobre o futuro próximo, os fãs vão-se manifestando. E na Austrália, o país que viu nascer os AC/DC, leva-se a questão muito a sério. O jornalista Peter Vincent, editor de música do Sydney Morning Herald, dava conta a 8 de Março de uma sondagem com 7.300 participantes segundo a qual 47% dos admiradores dos AC/DC consideram Brian Johnson insubstituível. O possível substituto mais popular, Jimmy Barnes, estrela do rock australiano enquanto vocalista dos Cold Chisel, reúne apenas 18% das preferências. Entretanto, Dave Evans, vocalista dos AC/DC por um breve período em 1974, antes da chegada de Bon Scott, durante o qual gravou o single Can I sit next to you, girl, já mostrou disponibilidade para tomar o lugar o Johnson caso este veja confirmada a impossibilidade de continuar a dar concertos. “Seria bom actuar como convidado. Os antigos membros [dos AC/DC] são todos parte da banda, independentemente da época [em que integraram a formação]”.

Os AC/DC promoviam actualmente Rock or Bust, o álbum que editaram no final de 2014. A banda actuou em Portugal pela última vez em 2009, quando esteve no Estádio José Alvalade para um concerto integrado na Black Ice World Tour.

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