Crashing leva-nos à cena contemporânea do stand-up nova-iorquino

A série é uma versão ficcionada da vida do comediante Pete Holmes, tem produção executiva de Judd Apatow e já foi caracterizada como uma espécie de “Girls do mundo da comédia”.

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Pete Holmes HBO

Pete é um comediante amador que todas as noites luta por um lugar no palco dos grandes clubes de Nova Iorque. Quando descobre que a mulher o traiu e é forçado a saltar de sofá em sofá enquanto se tenta estabelecer no meio, o humor é tudo o que lhe resta para fazer frente à caótica vida na Big Apple. Crashing é a mais recente comédia da HBO (estreou-se em Portugal no passado domingo, no TVSéries) e tem produção de Judd Apatow, cujo repertório inclui blockbusters da comédia como Virgem Aos 40 e Um Azar do Caraças e, na televisão, Girls, um dos sucessos da HBO que se encaminha agora para a última temporada. “Há diversos obstáculos para conseguir tempo de antena, por isso tentamos mostrar as dificuldades de conseguir entrar [no circuito de comédia]”, explica o produtor ao Yahoo! News.

Judd Apatow explica que, “na versão moderna de disputa por um lugar na comédia nova-iorquina”, é habitual que os comediantes fiquem a entregar panfletos a noite toda e que só consigam actuar no fim da noite se conseguirem trazer um determinado número de pessoas a essa discoteca ou se comprarem duas bebidas. “Esta série é sobre alguém que tenta manter-se positivo e firme na sua moral enquanto navega o mundo obscuro e estranho dos comediantes”, afirma o produtor, que reconhece que “a comunidade da comédia é tudo a que [Pete] se pode agarrar”.

Este olhar sobre o mundo da comédia tem como guia Pete Holmes, comediante norte-americano que faz stand-up há dez anos, tendo já escrito várias sitcoms e apresentado um talk show que foi cancelado em menos de um ano. Além disso, casou-se aos 22 anos e divorciou-se por ter sido traído pela mulher. Em Crashing, Pete é ele próprio numa versão ficcionada da sua realidade, em que à sua semelhança, tenta tomar as rédeas da sua vida após a separação. “É muito interessante tentar encontrar esperança e algo de bonito nesse mundo [que é a comédia]”, diz Pete Holmes, citado pela revista norte-americana Entertainment Weekly. É esse carácter de realidade ficcionada que marca a abordagem de Judd Apatow em relação à comédia. “Este é um traço único da série – estas pessoas não se estão a satirizar. Estão constantemente a tentar chegar mais perto da verdade sobre quem são”, clarifica o produtor.

As dificuldades financeiras que Pete enfrenta em Nova Iorque levam-no a dormir no sofá de várias pessoas e, nesse sentido, traz ao pequeno ecrã um nome diferente da comédia a cada episódio, explorando a vida de artistas como Artie Lange, T.J. Miller e Sarah Silverman. Segundo a Vulture, o episódio piloto passa-se maioritariamente num ambiente “cheio de comediantes que se tentam exibir em frente aos seus pares para provar que são os melhores”, mas distingue-se pela participação de Artie Lange, que esclarece Pete sobre a dura realidade de ser um comediante: “Não há garantias, há pouca glória e a maior parte do tempo é passado à espera da tua vez”, afirma a dada altura. O desafio de Pete é precisamentemante esse — manter a sua determinação e integridade ao mesmo tempo que tenta vingar no desafiante mundo da comédia.

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